A embaixadora dos Estados Unidos da América (EUA) na Organização das Nações Unidas (ONU), Linda Thomas-Greenfield, sublinhou esta terça-feira que continuará a "apoiar os esforços" no que diz respeito "à saúde reprodutiva de mulheres e meninas". Em causa está a possibilidade de o Supremo Tribunal norte-americano se estar a preparar para reverter a lei do aborto no país.
“Embora não tenhamos visto este documento divulgado e que levanta uma série de preocupações para todos nós, nas nossas políticas internacionais em termos de apoio à saúde reprodutiva de mulheres e meninas, continuaremos a apoiar esses esforços”, afirmou, citada pela agência de notícias Reuters.
Esta terça-feira, foi tornado público, através de documentos confidenciais, que o Supremo Tribunal dos EUA se prepara para anular a decisão histórica de 1973 que reconheceu o direito ao aborto.
Segundo os documentos divulgados pelo jornal Politico, o projeto de decisão, escrito pelo juiz conservador Samuel Alito e datado de 10 de fevereiro, ainda está a ser negociado até à sua publicação, prevista para antes de 30 de junho.
O documento dita que, 'Roe v. Wade', o processo que há quase meio século sustentava que a Constituição dos EUA protegia o direito da mulher fazer um aborto, era "totalmente sem mérito desde o início". "Acreditamos que Roe v. Wade deve ser derrubado", acrescenta Samuel Alito, para quem o direito ao aborto "não está protegido por qualquer disposição da Constituição" norte-americana.
Também o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, defendeu que a saúde feminina e os direitos sexuais e reprodutivos são “a base para uma vida de escolhas, empoderamento e igualdade para mulheres e meninas em todo o mundo”.
A opinião de Guterres foi transmitida pelo porta-voz da ONU, Farhan Haq e, apesar de se recusar a comentar especificamente a decisão do Supremo Tribunal norte-americano, Haq frisou que Guterres mostrou repetidamente preocupações sobre “um retrocesso global” nos direitos das mulheres.
Num comunicado, divulgado pela Casa Branca, o presidente norte-americano, Joe Biden, afirmou que “o direito de escolha de uma mulher é fundamental”, e argumentou que a decisão "tem sido a lei do país durante quase 50 anos”. “A estabilidade e justiça básica da nossa lei exige que não seja revertida”, frisou.
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