Através do lançamento de um alerta, a plataforma recorda que uma investigação levada a cabo pela Universidade de Toronto, cujos resultados foram publicados a 18 de abril último, indicou que existem "pelo menos" quatro jornalistas de meios independentistas catalães que foram afetados.
São eles Meritxell Bonet, esposa do presidente da associação cívica Òmnium Cultural, Jordi Cuixart; Marcel Mauri, vice-presidente dessa ONG desde 2019; Marcela Topor, esposa do ex-presidente do governo regional catalão Carles Puigdemont e Albano Dante Fachín, antigo deputado do parlamento regional da Catalunha 'Sí que es Pot'.
A plataforma sublinhou que já em 2019 a investigação encontrou algumas provas do que seria a primeira de três infeções Pegasus no telemóvel de Meritxell Bonet e da espionagem de mensagens SMS com esse programa entre fevereiro de 2018 e maio de 2020.
Entre os mais de 200 números "conhecidos por terem sido alvos potenciais de vigilância" está também o do jornalista magrebino Ignacio Cembrero, que trabalhou no 'El País' e no 'El Mundo' antes de se mudar para o 'El Confidencial' em 2015 e colaborar com 'La Sexta'.
Na denúncia deste caso avançava-se que Ignacio Cembrero teve de "enfrentar a pressão legal de um empresário marroquino e uma ação judicial apresentada pelo antigo primeiro-ministro Abdelilah Benkiran".
"As autoridades espanholas excluíram qualquer vigilância interna e salientam que a possível espionagem deve ter vindo do exterior. [...] Marrocos foi confirmado como tendo utilizado a Pegasus no passado, mas negou a espionagem de qualquer líder estrangeiro com o 'spyware'", era sublinhado no alerta.
Entre os números espiados estão também os do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, e o da ministra da Defesa, Margarita Robles.
O alerta é considerado de 'nível 1', que cobre as violações mais graves e prejudiciais da liberdade dos meios de comunicação social, incluindo assassinatos, ameaças, agressões, detenções arbitrárias, encerramentos ou atos com um impacto grave na liberdade de imprensa.
Após a sua publicação, que é divulgada após o governo do país em questão ter sido informado, neste caso a Espanha, a plataforma espera que as autoridades apresentem uma resposta sobre o caso relatado.
O Conselho da Europa lançou, em cooperação com cinco organizações parceiras, esta plataforma na internet destinada a proteger o jornalismo e a promover a segurança dos jornalistas.
Através dela, as organizações parceiras - Artigo 19, a Associação Europeia de Jornalistas, a Federação Europeia de Jornalistas, a Federação Internacional de Jornalistas e Repórteres Sem Fronteiras - emitem alertas sobre ameaças à liberdade de imprensa e levam-nas ao conhecimento das instituições do Conselho da Europa.
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