Enrique Mora disse que se vai reunir com o negociador iraniano Ali Bagheri Kani durante a sua visita à capital iraniana. "Prosseguem os trabalhos para concluir os restantes pontos desta negociação", indicou no Tweet.
Responsáveis oficiais em Teerão confirmaram a visita de Mora, definida como uma prova do envolvimento diplomático do Irão e da atenção fornecida aos problemas económicos.
"[A visita] comprova o controlo do Governo sobre o mais importante 'dossier'", disse Ali Shamkhani, membro do Conselho Supremo de Segurança Nacional.
Teerão está envolvido há mais de um ano em negociações diretas com a Alemanha, França, Reino Unido, Rússia e China, e com os Estados Unidos indiretamente, para relançar o acordo designado Plano de Ação Global Conjunto (JCPOA).
Travelling again to Tehran for meetings with @Bagheri_Kani and other officials on the #ViennaTalks and other issues. Work on closing the remaining gaps of this negotiation continues.
— Enrique Mora (@enriquemora_) May 10, 2022
As negociações de Viena destinam-se a fazer regressar os Estados Unidos a este acordo - do qual se retiraram unilateralmente em 2018 - em particular através do levantamento das sanções contra o Irão e garantias do pleno respeito de Teerão pelos seus compromissos.
O acordo de 2015 concedeu uma suavização das sanções ao Irão em troca de restrições ao seu programa nuclear, para garantir que Teerão nunca poderia desenvolver uma arma nuclear, o que sempre negou pretender efetuar.
No entanto, após a retirada unilateral dos Estados Unidos sob a administração do ex-presidente Donald Trump, e a reimposição de severas sanções económicas, o Irão também começou a não respeitar os seus compromissos e iniciou uma aceleração gradual do seu enriquecimento de urânio.
O atual Presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou pretender um regresso ao acordo, mas as conversações estão num impasse desde março, quando as partes envolvidas pareciam estar perto de um compromisso.
Mora tem desempenhado uma função crucial neste processo negocial, pelo facto de o Irão se recusar a discutir diretamente com os norte-americanos. No final de março deslocou-se ao Irão, antes da sua viagem a Washington.
O porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Saeed Khatibzadeh, disse que, durante esta nova deslocação a Teerão, Mora irá "transmitir mensagens" provenientes dos restantes signatários.
Um importante obstáculo continua a bloquear as conversações, após o Irão exigir a retirada dos Guardas da Revolução, o exército ideológico da República islâmica, da lista negra norte-americana de "organizações terroristas estrangeiras".
A guerra na Ucrânia também complicou as conversações, após Moscovo ter exigido garantias de que as sanções ocidentais impostas na sequência da invasão militar em 24 de fevereiro não prejudicavam o seu comércio com o Irão, e quando as capitais europeias se confrontam com a maior crise humanitária desde a Segunda Guerra Mundial.
Em simultâneo, a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), responsável pela monitorização do programa nuclear iraniano, tem reforçado as críticas ao Irão pela sua recusa em cooperar integralmente com a organização e não esclarecer os vestígios de material radioativo em diversas instalações nucleares não declaradas no país.
O chefe da AIEA, o diplomata argentino Rafael Mariano Grossi, manifestou a sua frustração com o Irão em declarações hoje emitidas em diversos comités do Parlamento Europeu.
"Nos últimos meses, conseguimos identificar vestígios de urânio enriquecido em locais que nunca foram declarados pelo Irão (...) e assim estamos extremamente preocupados com isto", disse Grossi.
Acrescentou ainda estar muito cético sobre a conclusão de um novo acordo sobre o nuclear, caso permaneçam por esclarecer diversas questões colocadas pela Agência.
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