"Não podemos dizer sim à adesão à NATO aos que impõem sanções à Turquia", disse Erdogan em Ancara, durante uma conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo argelino, Abdelmadjid Tebboune.
A Suécia e a Finlândia formalizaram hoje a sua candidatura à NATO com a entrega dos respetivos pedidos na sede da organização, em Bruxelas.
Erdogan já tinha dito, na sexta-feira, que não iria apoiar a entrada dos dois países nórdicos por acolherem elementos do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que Ancara considera uma organização terrorista.
"Apoiar o terrorismo e pedir o nosso apoio é uma falta de coerência", disse hoje Erdogan, citado pela agência francesa AFP.
A Turquia integra a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) desde 1952, três anos depois da formação da aliança, que conta atualmente com 30 países.
À semelhança dos restantes membros, a Turquia tem de aprovar a adesão de novos países.
"A nossa única expectativa é que a NATO mostre boa vontade para com os esforços legítimos da Turquia para proteger as suas fronteiras", disse o chefe de Estado turco.
Erdogan disse que os combatentes do PKK estão baseados principalmente nos países vizinhos da Turquia, Iraque, Síria e Irão, e que nenhum dos aliados de Ancara "alguma vez respeitou" as preocupações turcas.
Acusou as autoridades de Estocolmo de nunca terem respondido a "cerca de 30 pedidos de extradição" de elementos do PKK acolhidos pela Suécia.
A Turquia acusa o PKK de responsabilidade pela morte de mais de 40.000 pessoas desde 1984, quando iniciou uma luta armada a favor da autonomia do Curdistão.
Erdogan advertiu novamente que os enviados suecos e finlandeses a Ancara, com chegada prevista para segunda-feira, não são bem-vindos.
"Virão para nos persuadir, não se devem cansar", comentou, citado pela agência turca Anadolu.
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, disse hoje que os membros da NATO estão determinados a "trabalhar em todas as questões" do processo de alargamento para "alcançar conclusões rápidas", apesar dos obstáculos colocados pela Turquia.
A questão da adesão à NATO foi suscitada em Estocolmo e em Helsínquia pelo agravamento da situação de segurança causada pela guerra na Ucrânia, iniciada com a invasão russa, em 24 de fevereiro.
O princípio "um por todos e todos por um", previsto no artigo 5.º do tratado, que visa solidariedade em caso de agressão, só se aplica quando estiver terminada a ratificação por todos os Estados-membros.
Desde o início da crise e da invasão da Ucrânia pela Rússia, a Turquia tem tentado manter boas relações com os dois países, dos quais a sua economia está estreitamente dependente.
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