"Por decidir expulsar a imprensa canadiana de Moscovo, [Vladimir] Putin está a tentar impedi-la de relatar os factos e isso é inaceitável", disse Justin Trudeau, acrescentando que "os jornalistas devem poder trabalhar com segurança -- sem censura, intimidação ou interferência".
É a primeira vez que Moscovo bane um órgão de comunicação social ocidental desde o início da ofensiva russa na Ucrânia, a 24 de fevereiro. Três semanas antes, a Rússia tinha, contudo, fechado a alemã Deutsche Welle, em retaliação contra a proibição de transmissão da estação pró-Kremlin RT na Alemanha.
"Foi tomada a decisão de adotar medidas de retaliação às ações do Canadá -- neste caso, trata-se do encerramento da delegação em Moscovo da radiotelevisão CBC, incluindo o cancelamento das acreditações e dos vistos dos seus jornalistas", anunciou hoje a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova.
Acusando o Governo canadiano de ter "adotado um rumo [político] abertamente russófobo", a porta-voz afirmou, na sua conferência de imprensa semanal, que "a CBC se tinha tornado um megafone de propaganda" anti-russa.
Condenou ainda o apoio do Canadá à Ucrânia, antes e depois da ofensiva russa ao país vizinho.
O grupo canadiano CBC/Radio-Canada tinha anunciado no princípio de março que suspendia "temporariamente" o trabalho dos seus jornalistas na Rússia, devido à nova lei que previa penas de prisão em caso de divulgação de "informações falsas sobre o exército" a propósito da ofensiva russa na Ucrânia.
Além disso, em meados de março, o Canadá proibiu oficialmente as operadoras de cabo de distribuírem os canais de informação russos RT (ex-Russia Today) e RT France, considerando que a sua programação não era do "interesse do público".
Também a União Europeia proibiu esses 'media' russos e outros, mas até agora Moscovo não adotou medidas de retaliação equivalentes contra o bloco comunitário.
A guerra na Ucrânia, que hoje entrou no 84.º dia, causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas de suas casas -- cerca de oito milhões de deslocados internos e mais de 6,3 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Também segundo as Nações Unidas, cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.
A ONU confirmou hoje que 3.778 civis morreram e 4.186 ficaram feridos, sublinhando que os números reais poderão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a cidades cercadas ou a zonas até agora sob intensos combates.
[Notícia atualizada às 20h47]
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