O ataque ocorreu em 17 de maio no chamado distrito HLM de Dacar. Vídeos publicados no Youtube e no TikTok mostram uma multidão enfurecida de várias dezenas de homens a rodear um jovem em plena luz do dia, descalço e usando apenas calças, e a esbofeteá-lo nas costas e na cabeça, proferindo calúnias homofóbicas.
Segundo o 'site' senegalês Seneweb, a vítima é um músico americano que "por causa do seu estilo, da sua roupa" foi "erradamente acusado de ser homossexual por indivíduos mal-intencionados".
O artista tinha-se deslocado a Dacar com um amigo e colegas para a bienal, um evento de arte africana contemporânea que se realizava na capital, acrescentou o Seneweb.
A vítima e acompanhantes foram roubados, ficando sem os seus telemóveis e pertences pessoais, lê-se no 'site'.
Uma fonte policial que pediu o anonimato, tendo em conta a "sensibilidade deste caso", não comentou sobre a natureza do ataque, mas disse que "três indivíduos (tinham) sido presos pela polícia no bairro de baixos rendimentos e encaminhados para o Ministério Público por violência e por colocarem em perigo a vida de outros".
"A vítima está sã e salva e regressou a casa", disse, acrescentando que o país de origem da vítima tinha insistido na "confidencialidade" do caso.
Quando contactada pela agência France-Presse, a embaixada dos Estados Unidos da América no Senegal não comentou.
O ataque surgiu no meio de uma controvérsia que envolve o internacional senegalês e jogador de futebol do Paris Saint-Germain Idrissa Gana Gueye, acusado de se recusar a participar na luta contra a homofobia e de vestir uma camisa arco-íris durante um jogo em França.
Alexandre Marcel, presidente do comité Idaho France, uma associação que ajuda membros perseguidos da comunidade LGBTI (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgénero e Intersexo), particularmente em África, apelou hoje à proteção dos homossexuais no Senegal.
"Quem é LGBTI hoje no Senegal está em perigo porque as pessoas querem fazer justiça pelas suas próprias mãos. As pessoas LGBTI estão em fuga e não passa um dia sem que recebamos um pedido de ajuda ou assistência do Senegal", disse.
Neste país 95% muçulmano, a homossexualidade é amplamente considerada um desvio. A lei senegalesa pune os atos ditos "contra a natureza com um indivíduo do mesmo sexo" com um a cinco anos de prisão.
A homossexualidade é também prontamente denunciada como um instrumento utilizado pelos ocidentais para impor valores que são totalmente estranhos à cultura e tradições senegalesas.
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