No período em referência, a Minusma registou 812 casos de violações e abusos dos direitos humanos e do direito internacional humanitário.
Esses dados documentados representam um aumento de 151% em relação ao trimestre anterior.
O número de pessoas mortas aumentou exponencialmente em quase 324%.
Enquanto os grupos armados ligados à Al-Qaida ou ao grupo Estado Islâmico (EI) continuaram a ser os principais perpetradores da violência contra civis, a Minusma registou 320 violações atribuíveis às Forças de Defesa e Segurança (FDSM) "apoiadas por elementos militares estrangeiros" durante os três primeiros meses do ano, incluindo a morte de 248 civis, segundo a nota trimestral da missão da ONU, sem especificar a origem desses elementos estrangeiros.
A Minusma observou ainda que as autoridades de transição do Mali anunciaram que abriram uma investigação sobre as alegações de violações de direitos humanos relatadas em Moura de 27 a 31 de março de 2022.
"Até à data de publicação desta nota, a Minusma ainda não obteve autorização para realizar uma investigação 'in loco' em Moura apesar do pedido feito para o efeito em 01 de abril de 2022", lê-se no comunicado.
Depois de registar os "esforços" da junta militar no poder "na luta contra a impunidade", que anunciou a abertura de várias investigações sobre denúncias de violações de direitos humanos e abusos desses direitos, a Minusma "reitera a sua determinação e disponibilidade" em apoiar as investigações anunciadas por Bamaco para que "os autores desses atos sejam levados à justiça".
A junta militar no poder em Bamaco, desde agosto de 2020, afastou-se da França e dos seus parceiros europeus nos últimos meses e voltou-se para a Rússia.
A França e os parceiros europeus denunciam o recurso pela junta militar a mercenários ao serviço da empresa russa de segurança privada Wagner.
Os militares malianos rejeitam a acusação e falam antes no reforço da cooperação, Estado a Estado, com a Rússia.
A Minusma tinha identificado 31 violações atribuíveis às forças malianas no trimestre anterior.
O número de pessoas mortas durante este período por todas as partes do conflito (islamistas ou outros grupos armados, milícias e grupos de vigilantes, forças de defesa) mais do que quadruplicou de um trimestre para o outro, de 128 para 543, disse a Minusma.
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