O opositor do Kremlin Alexei Navalny revelou, esta terça-feira, que foi acusado formalmente de um novo crime e que, a ser condenado, poderá enfrentar uma pena de mais 15 anos de prisão.
A acusação de um novo crime surge exatamente uma semana após a Justiça russa ter confirmado a condenação de nove anos de prisão em “regime severo” que tinha sido imposta em março a Navalny, julgado por alegadas “fraude” e “desobediência ao tribunal”.
"Bem, o que é que eu sei? Talvez [o presidente russo, Vladimir] Putin não me odeie, talvez ele me adore secretamente. É por isso que ele quer que eu esteja escondido num bunker subterrâneo, guardado por pessoas de segurança, tal como ele próprio”, começou por afirmar, de forma irónica, o maior opositor do presidente russo.
1/6 Well, what do I know? Maybe Putin doesn't hate me, maybe he secretly adores me. That's why he wants me to be hidden in an underground bunker, guarded by reliable people, just like himself.
— Alexey Navalny (@navalny) May 31, 2022
“De que outra forma posso explicar o facto de nem sequer terem passado oito dias desde que a minha sentença de alta segurança de 9 anos entrou em vigor, e hoje o investigador apareceu novamente e acusou-me formalmente de um novo caso”, acrescentou.
O político está acusado de ter “criado um grupo extremista com o objetivo de incitar ao ódio contra funcionários e oligarcas” e, caso venha a ser considerado culpado, será condenado a mais 15 anos de prisão.
“Vejam, são mais 15 anos num bunker estável e seguro onde estarei protegido das surpresas e dificuldades desta vossa ‘liberdade’”, afirmou.
O político prosseguiu num registo sarcástico e contou que recebeu uma visita dos pais, que “vivem numa pequena cidade militar”. “Por isso, claro, brincámos que quando Putin começar uma guerra nuclear, eles vão receber um dos primeiros mísseis. E eu estou a ter o tempo da minha vida - quem vai bombardear uma prisão no meio de um pântano?”, ironizou.
“Quando o betão começar a derreter lá fora, vou simplesmente assistir a um pôr-do-sol particularmente bonito a partir do pátio da prisão. Agradeço a Putin por isso”, terminou.
Sublinhe-se que o opositor do regime do presidente russo estava a cumprir pena em liberdade condicional após ter sido acusado de fraude – uma acusação que diz ter sido fabricada – quando foi envenenado com um agente neurotóxico do tipo Novitchok, em agosto de 2020.
Após aquela que considera ser uma tentativa de assassinato por parte do Kremlin, o opositor de 45 anos foi transferido, a pedido da mulher, da Sibéria para a Alemanha para recuperar. Foi detido ao voltar para a Rússia, a 17 de janeiro de 2021.
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