O regime cubano condenou, na segunda-feira, 297 pessoas por crimes de sedição, sabotagem, roubo e conduta desordeira, na sequência dos maiores protestos na ilha em mais de 60 anos, em julho de 2021.
Os manifestantes enfrentam entre 5 a 25 anos de prisão, dependendo dos crimes. O anúncio foi feito pela procuradoria geral à agência estatal de notícias, citada pela NBC News.
Estas 297 pessoas estão incluídas nas quase 400 pessoas sancionadas pela sua participação nas manifestações, incluindo 16 jovens entre os 16 e os 18 anos (um deles foi condenado).
Em 2021, milhares de pessoas protestaram nas ruas de Havana e de outras cidades por melhores condições de vida, à medida que o país enfrentava escassez de alimentos, de medicamentos e de energia, no pico da pandemia da Covid-19.
Os protestos foram acolhidos com surpresa, tanto pelo mundo como pelo regime comunista - agora liderado por Miguel Díaz-Canel, que sucedeu a Raúl Castro (irmão de Fidel Castro) na presidência e tornou-se no primeiro líder nascido após a revolução comunista de 1959 (levada a cabo por Fidel Castro e Che Guevara).
A procuradoria-geral acrescentou que os manifestantes "atacaram a ordem constitucional e a estabilidade do nosso estado socialista". Em janeiro, o governo informou que tinham sido acusadas quase 800 pessoas pela organização dos protestos.
Várias organizações não-governamentais têm apelado ao fim do bloqueio norte-americano sobre Cuba, argumentando que este atrasou o desenvolvimento económico do país e promoveu ainda mais o nacionalismo implementado pelo regime. Mas, ao mesmo tempo, continuam a alertar para a forte opressão política e judicial contra qualquer dissidência à mensagem e propaganda do regime.
A Human Rights Watch, uma das maiores ONG de defesa dos direitos humanos do mundo, diz no seu site que "o governo cubano continua a implementar a prisão arbitrária para assediar e intimidar críticos, ativistas independentes, opositores políticos, entre outros". Estima-se que continuem presas mais de 1.500 pessoas por questões políticas.
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