O Partido Republicano no Texas anunciou a sua posição oficial sobre a comunidade LGBTQ+ este fim de semana, declarando sem rodeios que a homossexualidade é "uma escolha de estilo de vida anormal" e prometendo combater "todos os esforços para validade a identidade transgénero".
Este fim de semana, milhares de republicanos reuniram-se em Houston para a convenção bianual do partido conservador, onde os militantes também aprovaram uma plataforma partidária discriminatória. Segundo a NBC, um dos apelos pediu a revogação da Lei do Direito ao Voto de 1965, que concedeu inequivocamente o direito ao voto às pessoas negras.
É o mais recente episódio de ataques à comunidade LGBTQ+ ao longo do último ano, tanto no Texas como no resto dos Estados Unidos onde os republicanos conservadores detêm o poder. Em estados como na Flórida, no Oklahoma e no próprio Texas, a abordagem de conteúdos sobre identidade de género ou expressão de género foi proibida nas escolas, tendo sido também impedido o esclarecimento de dúvidas por parte dos docentes.
No Texas, um estado tipicamente conservador, pró-armas, anti-aborto e anti-direitos LGBTQ+, o governador Greg Abbott - um ferrenho adepto de Donald Trump - tem atacado com particular afinco a comunidade transsexual, promulgando este ano uma medida em que criminalizava, não só os tratamentos de conversão de sexo, desde a terapia à própria cirurgia, como culpabilizava os pais que não denunciassem a transsexualidade dos filhos.
Numa secção do programa com o nome "Homossexualidade e assuntos de género", o Partido Republicano sugeriu que as pessoas LGBTQ não fossem dignas de proteção legal contra discriminação, seja em que ambiente for, considerando que ser gay ou trans é uma escolha.
Na resolução de 40 páginas, citada pela NBC News, os conservadores escrevem que a "homossexualidade é uma escolha de estilo de vida anormal". "Acreditamos que não deve ser garantidos estatutos especiais ou a criação de um estatuto especial para o comportamento homossexual, independentemente da origem, e opomo-nos a punir criminalmente ou civilmente contra aqueles que se oponham à homossexualidade pela sua fé, convicção ou crença em valores tradicionais", diz o documento.
Previsivelmente, os republicanos querem banir também qualquer apoio à afirmação de género, desde terapias hormonais, apoio psicológico e cirurgias para pessoas com menos de 21 anos.
A proposta do Partido Republicano surge em pleno Mês do Orgulho, ou 'Pride Month', um mês em que a comunidade LGBTQ nos Estados Unidos procura combater o número recorde de medidas homofóbicas, bifóbicas e transfóbicas que têm varrido o país.
Atacar drag queens para desviar atenção sobre as armas
Na semana passada, um grupo de supremacistas brancos dos Proud Boys, um perigoso grupo de extrema-direita que ganhou proeminência durante o mandato de Donald Trump, invadiu um evento com uma drag queen perto de São Francisco, interrompendo-o com insultos homofóbicos.
O incidente foi o segundo no espaço de poucos dias, depois das autoridades norte-americanas terem detido 31 membros do grupo supremacista Patriot Front, que estariam a caminho de um evento 'Pride' no estado de Idaho. Numa carrinha, a polícia encontrou várias armas, desconhecendo-se a intenção final dos homens.
Estes ataques à comunidade drag e queer tornaram-se mais frequentes depois do governador do Texas, Greg Abbott, ter respondido a um evento drag com uma medida legislativa para impedir a organização de eventos com drag queens para crianças.
Os democratas acusam Abbott de procurar desviar o foco da questão da compra e posse de armas no país. A verdade é que, na sequência do tiroteio numa escola primária em Uvalde, no Texas, no qual morreram 19 crianças e dois professores, a liderança republicana tem pedido mais armas, uma maior presença policial nas escolas (algo que foi provado cientificamente que não resolve o problema dos tiroteios em massa) e procurou apontar o dedo à comunidade LGBTQ+ como fonte de uma suposta intoxicação infantil.
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