"A proposta para o primeiro-ministro permanecer no cargo -- até três meses --, depois de perder o apoio do seu gabinete, do Governo e do seu partido parlamentar é insensata, e poderá ser insustentável", afirmou o antigo primeiro-ministro britânico John Major.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, demitiu-se hoje da liderança do Partido Conservador, mas disse que se manterá na chefia do Governo até à eleição de um novo líder dos conservadores, apesar das vozes de dentro e fora do partido para que deixe já o executivo.
A demissão do líder conservador, de 58 anos, que assumiu o cargo de primeiro-ministro do Reino Unido em julho de 2019, ocorreu após a saída de dezenas de membros do seu executivo e de uma sucessão de escândalos.
Na comunicação ao país, Johnson disse hoje que o calendário para a eleição do novo líder conservador será anunciado na segunda-feira, mas a comunicação social britânica noticiou que o processo poderá não estar concluído antes do outono.
Na rede social Twitter, Dominic Cummings, o antigo e controverso assessor de Boris Johnson, também conhecido como o maior estratega do 'Brexit' (processo de saída do Reino Unido da União Europeia), também comentou o anúncio: "Expulsem-no já ou causará uma carnificina, neste momento só está a ganhar tempo para tentar ficar".
"A partida de Boris Johnson abre uma nova página nas relações com o Reino Unido. Que seja mais construtiva, mais respeitosa dos compromissos assumidos, em particular no que diz respeito à paz e estabilidade na Irlanda do Norte, e mais amiga dos parceiros na União Europeia (UE)", desejou, por sua vez, o ex-negociador da UE no processo 'Brexit', Michel Barnier.
The departure of Boris Johnson opens a new page in relations with 🇬🇧 .
— Michel Barnier (@MichelBarnier) July 7, 2022
May it be more constructive, more respectful of commitments made, in particular regarding peace & stability in NI, and more friendly with partners in 🇪🇺.
Because there’s so much more to be done together.
Outra reação surgiu de Jeffrey Donaldson, líder do Partido Democrata Unionista (DUP), a segunda maior força política da Irlanda do Norte, que advertiu que a substituição de Boris Johnson implicará "desafios significativos", tanto "a nível interno como internacional".
"Finalmente. Fim de um espetáculo indigno. Boris Johnson queria manter o poder e o seu próprio ego (...). Agora, a tempestade teatral britânica deve acabar", escreveu, por sua vez, Bernd Lange, co-presidente do grupo de contacto UE-Reino Unido no Parlamento Europeu, na rede social Twitter.
Finally.End of an undignified spectacle.#BorisJohnson was all about maintaining power&his own ego.Escalation&staging instead of solution-oriented politics. Now British theatrical thunder should end.We need new start relations #EU-#UK&practical solutions for implement. #NIProtocol https://t.co/0g7kY7pkd7
— Bernd Lange (@berndlange) July 7, 2022
Depois de David Cameron, em 24 de junho de 2016, e de Theresa May, em 24 de maio de 2019, Johnson é o terceiro primeiro-ministro conservador a demitir-se em apenas seis anos.
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