Numa viagem que decorrerá entre 13 e 16 de julho, Biden vai fazer paragens em Israel e na Cisjordânia, onde terá contactos com a Autoridade Palestiniana, antes de seguir para a Arábia Saudita, onde participará numa cimeira de chefes de Estado do Conselho de Cooperação do Golfo, bem como do Egito, Jordânia e Iraque.
Em discussão estarão o aumento da produção de petróleo, o cessar-fogo no Iémen e a limitação da influência do Irão no Médio Oriente e da China no panorama global.
Biden, que tinha denunciado o príncipe da coroa saudita Mohammed bin Salman pelo assassinato do jornalista Kamal Khashoggi em 2018, vai agora encontrar-se com o rei Salman bin Abdulaziz e a sua cúpula, que inclui o príncipe.
"O presidente vai sentar-se à mesa numa reunião bilateral com o rei saudita e a sua equipa de liderança", confirmou aos jornalistas o porta-voz da Casa Branca, John Kirby.
A confirmação foi necessária depois de Biden ter dito, durante a cimeira da NATO que decorreu em Madrid no final de junho, que não estava prevista uma reunião com o rei e o príncipe da coroa.
Segundo fontes citadas pelas agencias internacionais, Biden teve de ser convencido pelos conselheiros a considerar uma melhoria das relações entre os Estados Unidos e a Arábia Saudita, o que implicaria deixar para trás o assassinato de Khashoggi, que foi desmembrado na embaixada saudita na Turquia.
A condenação internacional que se seguiu dá sinais de desvanecimento no contexto da crise energética, algo que ficou patente em junho, quando o presidente turco Recep Tayyip Erdogan se encontrou com o príncipe bin Salman, retomando relações diplomáticas que tinham sido cortadas.
"Erdogan já começou a tentar normalizar as relações com os sauditas", disse à Lusa o cientista político Everett Vieira III, que considera que está em curso um "facelift" da imagem internacional da Arábia Saudita e que isso pode facilitar uma mudança de posição quanto ao aumento de produção de petróleo, que o reino até agora recusou.
"Economicamente, produzir mais não corresponde aos seus melhores interesses", explicou Vieira, "porque quanto menos produzirem e maior for a procura, mais dinheiro podem cobrar".
Por essa razão, a pressão de Biden sobre os estados da OPEC (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) não tem surtido efeito, o que eleva a 'fasquia' desta viagem.
"A Arábia Saudita tem as maiores reservas de petróleo do mundo, por isso se Biden conseguir que os sauditas e outros países exportadores produzam um pouco mais de petróleo, em teoria isso reduzirá o custo da gasolina", explicou Vieira, que aponta como possível contrapartida o envio de armamento para Riade ou a não-condenação de ações tomadas no Iémen.
Ao nível diplomático, será importante a paragem em Israel, que encorajou a reaproximação à Arábia Saudita. Biden vai reunir-se com Benjamin Netanyahu, o ex-primeiro-ministro que terá hipótese de regressar ao poder após nova dissolução do parlamento e quarta eleição em dois anos.
"Ainda há uma guerra na Ucrânia e Biden também quer fortalecer alianças, reforçar a importância de se manterem juntos na frente contra a Rússia", disse Vieira.
Leia Também: Jill Biden criticada por comparar o povo latino a "tacos" em discurso