Vadim Shishimarin, um soldado russo de 21 anos capturado, que admitiu ter matado um civil e condenado em maio a prisão perpétua por um tribunal ucraniano, compareceu hoje de novo no tribunal, exposto às câmaras de televisão e máquinas fotográficas no interior de um cubículo de vidro. A audição foi adiada para 29 de julho devido a doença do seu advogado.
Após a retirada das forças russas da região circundante da capital ucraniana e na sequência de relatos e investigações sobre crimes de guerra, iniciou-se agora uma fase mais complexa do processo, destinada a identificar os responsáveis.
"Quando efetuávamos buscas na região previamente ocupada, encontrámos com regularidade documentos, passaportes e listas com o nome dos membros das unidades [russas], com dados completos, incluindo o local e data de nascimento", disse Andrii Nebytov, chefe da polícia regional de Kyiv, em declarações à agência noticiosa Associated Press (AP).
"Toda esta informação foi enviada para responsáveis policiais. Os investigadores trabalham com as vítimas, tentam identificar as pessoas que cometeram crimes contra elas".
O caso de Shishimarin é pouco comum, pelo facto de ter sido de imediato relacionado com a morte de um homem de 62 anos na região de Sumi (nordeste) em 28 de fevereiro, ao contrário da maioria dos alegados crimes sob investigação.
Os procuradores ucranianos já registaram cerca de 20.100 potenciais crimes de guerra, e a polícia de Kyiv disse ter exumado mais de 1.300 corpos.
No entanto, em julho, e de acordo com o gabinete do procurador-geral, os procuradores ucranianos apenas conseguiram identificar 127 suspeitos, com 15 atualmente na Ucrânia indiciados por crimes de guerra e os restantes sem serem detetados. Estes suspeitos incluem três acusados por violência sexual e 64 acusados de morte intencional ou agressões a civis.
Shishimarin é um dos dez detidos que enfrentou até ao momento um julgamento por crimes de guerra, em casos que envolvem bombardeamentos indiscriminados, mortes intencionais, violência sexual, roubo, sevícias a civis e ataques a alvos civis. Seis já foram condenados, de acordo com o gabinete do procurador-geral.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de 5.100 civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar russa causou a fuga de mais de 16 milhões de pessoas, das quais mais de 5,9 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
A organização internacional tem observado o regresso de pessoas ao território ucraniano, mas adverte que estão previstas novas vagas de deslocação devido à insegurança e à falta de abastecimento de gás e água nas áreas afetadas por confrontos.
Também segundo as Nações Unidas, mais de 15,7 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
Leia Também: Ucrânia: BEI aprova financiamento de 1.600 milhões para infraestruturas