O avião da 'speaker' da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, aterrou esta terça-feira em Taiwan, no meio de um clima de tensão elevado pelas ameaças do governo chinês.
As imagens televisivas mostraram a líder do Congresso a sair da aeronave, depois de, durante horas, ter sido incerto se Pelosi seguiria para o país.
Nancy Pelosi foi acolhida por uma delegação de Taiwan à saída do avião, por volta das 22h50 (hora local).
A visita da líder democrata tem sido rodeada de polémica, devido à tensão diplomática entre os Estados Unidos e a China. Antes da aterragem, surgiram vários relatos sobre movimentações militares chinesas em torno do estreito de Taiwan, e o governo chinês ameaçou mesmo o homólogo norte-americano, considerando que a viagem é um ataque à soberania chinesa.
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— 𝙹𝚘𝚞𝚛𝚗𝚊𝚕𝚒𝚜𝚝𓃠 (@HamdiCelikbas) August 2, 2022
O voo de Nancy Pelosi fez um grande desvio para evitar o Mar da China, partindo de Kuala Lumpur, na Malásia, e sobrevoando as Filipinas, evitando assim qualquer interação com as forças chinesas numa área fortemente militarizada.
Enquanto Pelosi aterrou, vários caças da força aérea chinesa atravessaram o estreito de Taiwan, anunciou a televisão estatal chinesa, e foram escutadas sirenes de segurança na região de Fujian (a mais próxima do território independente, do lado da China continental).
Pelosi diz-se "solidária" com Taiwan, minutos após aterrar
O governo chinês já reagiu à chegada da 'speaker' da Câmara dos Representantes, afirmando num comunicado, citado pela televisão estatal CGTN, que a visita é "mina gravemente a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan, e envia sinais errados às forças separatistas pela 'independência de Taiwan'".
"A China opõe-se firmemente e condena veementemente isto, e protestou junto dos Estados Unidos", vincou o ministério dos Negócios Estrangeiros de Pequim, reiterando que a viagem "é uma séria violação do Princípio de Uma China".
Por outro lado, Nancy Pelosi garantiu que os EUA apoiam o povo de Taiwan, e salientou que "a solidariedade norte-americana para com os 23 milhões de habitantes de Taiwan é mais importante do que nunca, numa altura em que o mundo enfrenta uma escolha entre autocracia e democracia".
America’s solidarity with the 23 million people of Taiwan is more important today than ever, as the world faces a choice between autocracy and democracy.
— Nancy Pelosi (@SpeakerPelosi) August 2, 2022
A imprensa norte-americana avançou, na semana passada, a possibilidade de a viagem à Ásia de Pelosi passar por Taiwan, sendo que tanto representantes militares como civis chineses têm alertado para as possíveis consequências da visita da responsável norte-americana.
Um vídeo transmitido hoje nas redes sociais mostra imagens alegadamente gravadas nas praias de Pingtan, perto de Xiamen, com veículos militares a desfilar perante o olhar atónito dos banhistas.
Nancy Pelosi está na Ásia em visita oficial e, até agora, anunciou que a visita passará por países como Singapura, Malásia - de onde partiu hoje -, Indonésia, Coreia do Sul e Japão, sem nunca referir Taiwan.
A China reivindica soberania sobre a ilha e considera Taiwan uma província rebelde desde que os nacionalistas do Kuomintang se retiraram para lá, em 1949, depois de perder a guerra civil contra os comunistas.
Taiwan, com quem o país norte-americano não mantém relações oficiais, é uma das principais fontes de conflito entre a China e os EUA, principalmente porque Washington é o principal fornecedor de armas de Taiwan e seria o seu maior aliado militar em caso de conflito com o gigante asiático.
[Notícia atualizada às 16h47]
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