Ruanda. Governo britânico avisado de "torturas" antes de enviar migrantes

O Governo britânico foi avisado por um relatório interno que no Ruanda se registam "detenções arbitrárias, torturas e inclusive assassínios", ainda antes de avançar com o plano de enviar requerentes de asilo para este país africano.

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Lusa
16/08/2022 20:44 ‧ 16/08/2022 por Lusa

Mundo

Inglaterra

O relatório, sobre as condições do Ruanda, foi pedido pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros a um funcionário interno, soube-se hoje durante uma audiência preliminar no Tribunal Superior de Londres, que deverá decidir se o programa de transferência de requerentes de asilo é legal.

Na sua resposta, o funcionário, cuja identidade não foi revelada, escreveu que no Ruanda "a oposição política não é tolerada" e referiu que tortura e detenções são "métodos aceites para manter o controlo", noticiou a televisão pública BBC e o diário The Guardian.

Estes dois 'media' britânicos participam no processo para obrigar o Governo britânico a publicar todos os documentos relacionados com o caso.

Apesar das advertências, o executivo britânico fretou em junho um primeiro avião para deportar os primeiros migrantes, mas o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos bloqueou a sua partida e instou os juízes britânicos a emitirem um veredicto final antes de se iniciar o programa.

O Ministério do Interior argumentou hoje no tribunal que muitos fragmentos dos relatórios sobre o Ruanda devem permanecer em sigilo para evitar prejudicar as relações internacionais e a segurança do Reino Unido.

O programa de deportação para o Ruanda, que resulta de um acordo entre os dois Governos, foi anunciado em abril pelo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, no âmbito de uma série de medidas para travar o número crescente de travessias ilegais do Canal da Mancha.

Desde que o esquema foi anunciado, mais de 13.000 migrantes fizeram a perigosa travessia do Canal da Mancha em pequenas embarcações, de acordo com a agência Associated Press, elevando o total para mais de 18.000 desde o início do ano.

Apesar de Boris Johnson ter anunciado entretanto a sua demissão, os candidatos à sua sucessão, Rishi Sunak e Liz Truss, prometeram continuar esta política.

Leia Também: Mais de 20 mil migrantes já cruzaram o Canal da Mancha este ano

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