O relatório, sobre as condições do Ruanda, foi pedido pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros a um funcionário interno, soube-se hoje durante uma audiência preliminar no Tribunal Superior de Londres, que deverá decidir se o programa de transferência de requerentes de asilo é legal.
Na sua resposta, o funcionário, cuja identidade não foi revelada, escreveu que no Ruanda "a oposição política não é tolerada" e referiu que tortura e detenções são "métodos aceites para manter o controlo", noticiou a televisão pública BBC e o diário The Guardian.
Estes dois 'media' britânicos participam no processo para obrigar o Governo britânico a publicar todos os documentos relacionados com o caso.
Apesar das advertências, o executivo britânico fretou em junho um primeiro avião para deportar os primeiros migrantes, mas o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos bloqueou a sua partida e instou os juízes britânicos a emitirem um veredicto final antes de se iniciar o programa.
O Ministério do Interior argumentou hoje no tribunal que muitos fragmentos dos relatórios sobre o Ruanda devem permanecer em sigilo para evitar prejudicar as relações internacionais e a segurança do Reino Unido.
O programa de deportação para o Ruanda, que resulta de um acordo entre os dois Governos, foi anunciado em abril pelo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, no âmbito de uma série de medidas para travar o número crescente de travessias ilegais do Canal da Mancha.
Desde que o esquema foi anunciado, mais de 13.000 migrantes fizeram a perigosa travessia do Canal da Mancha em pequenas embarcações, de acordo com a agência Associated Press, elevando o total para mais de 18.000 desde o início do ano.
Apesar de Boris Johnson ter anunciado entretanto a sua demissão, os candidatos à sua sucessão, Rishi Sunak e Liz Truss, prometeram continuar esta política.
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