"Dececionante". Embaixador critica Papa por referência à morte de Dugina
Embaixador da Ucrânia no Vaticano acusou a Rússia de ser responsável pelo ataque que matou a jornalista e comentadora política, de 29 anos, na noite de sábado.
© FILIPPO MONTEFORTE/AFP via Getty Images
Mundo Guerra na Ucrânia
O embaixador da Ucrânia no Vaticano, Andrii Yurash, criticou esta quarta-feira o Papa Francisco pela sua referência à morte de Darya Dugina, filha do filósofo ultranacionalista russo Alexander Dugin. Em causa está o facto de o pontífice ter afirmado que “os inocentes pagam pela guerra” na Ucrânia e que pensa “naquela pobre rapariga morta” numa explosão em Moscovo.
Numa publicação na rede social Twitter, Yurash descreveu o discurso como "dececionante" e acusou a Rússia de ser responsável pelo ataque que matou a jornalista e comentadora política, de 29 anos, na noite de sábado.
“O discurso de hoje do Papa foi dececionante e fez-me pensar em muitas coisas: não se pode falar em agressor e vítima, violar e violado na mesma categoria”, começou por afirmar.
E questionou: “Como é que é possível mencionar um dos ideólogos do imperialismo russo como uma vítima inocente?”.
À semelhança de outros responsáveis ucranianos, o representante da Ucrânia considerou que Darya Dugina “foi morta por russos” e está a ser usada como um “escudo da guerra”.
Today’s speech ofPope was disappointing& made me think about many things: can’t speak inSame categories aboutАggressor &Victim, Rapist and Raped; howPossible To Mention 1of ideologists of🇷🇺ImperialismAs innocent victim?She wasKilledBy russiansAsSacredVictim &isNowOn Shield ofWar pic.twitter.com/GvvM7zJDCa
— Andrii Yurash (@AndriiYurash) August 24, 2022
No dia em que a Ucrânia celebra o 31.º aniversário da sua independência e se assinala o sexto mês do início da invasão russa, o Papa referiu a morte da filha de Dugin durante a sua audiência geral.
“Penso na crueldade, nos inocentes que estão a pagar esta loucura, a loucura de todas as partes, porque a guerra é uma loucura. Os inocentes pagam pela guerra”, sublinhou. Francisco disse ainda pensar "naquela pobre rapariga que explodiu numa bomba debaixo do banco de um carro em Moscovo”.
Líder do Movimento Eurasiático, Alexander Dugin, 60 anos, tem sido descrito no Ocidente como "cérebro de Putin" e "guia espiritual" da invasão da Ucrânia, embora se desconheça se mantém contactos com o líder russo.
Apoiante da invasão da Ucrânia, como o pai, Darya Dugina foi alvo de sanções das autoridades norte-americanas e britânicas, que a acusaram de contribuir para a desinformação em relação à guerra iniciada pela Rússia em 24 de fevereiro.
Numa entrevista em maio, descreveu a guerra na Ucrânia como um "choque de civilizações" e manifestou orgulho por ela e o pai terem sido sancionados pelo Ocidente, segundo a BBC.
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