MPLA perde maioria e fica obrigado a cooperar mais com a UNITA

A consultora Eurasia considera que o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) vai vencer as eleições gerais, mas com menos de 60%, perdendo a maioria qualificada na Assembleia Nacional, favorecendo mais cooperação com a oposição.

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Lusa
25/08/2022 10:20 ‧ 25/08/2022 por Lusa

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"A fraca campanha quer do MPLA, quer da oposição encabeçada pela União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) pode ter potenciado uma baixa adesão que iria favorecer a oposição, baixando a percentagem de votação do MPLA, que deverá ficar abaixo dos 60%", lê-se num comentário às eleições de Angola.

"O MPLA deverá manter o poder, mas perder a maioria de dois terços na Assembleia Nacional, tirando-lhe a capacidade de alterar a Constituição", o que fará, antecipam os analistas, "aumentar a função de supervisão da oposição e pode forçar o aumento da cooperação parlamentar entre o MPLA e a UNITA".

No comentário às eleições, escrito ainda antes de serem conhecidos os resultados provisórios da votação, a Eurasia aponta para uma "continuidade de políticas" em caso de vitória do MPLA, que daria a João Lourenço um novo mandato enquanto Presidente.

"O Presidente está empenhado na reforma da economia e iria continuar a sua agenda marcada pela melhoria da estabilidade macroeconómica, consolidação orçamental, privatização e esforços de descentralização, focando-se provavelmente na diversificação da economia para além do petróleo e desenvolvimento a agricultura e os minérios, ao mesmo tempo que abordaria o declínio da produção petrolífera", lê-se na análise, a que a Lusa teve acesso.

Para a Eurasia, "as preocupações sobre fraude eleitoral vão continuar a dominar este período, aumentar a probabilidade de a oposição contestar o resultado das urnas", acrescentam.

O próximo Governo, independente de quem vença as eleições da passada quarta-feira, terá como principais desafios "o elevado desemprego, a inflação galopante, o elevado custo de vida, a pobreza, o aumento de greves e protestos, as exigências de democratização e a crise humanitária no sul do país", concluem os analistas.

As quintas eleições gerais em Angola perpetuaram a disputa entre os dois principais partidos do país, o MPLA (Governo) e a UNITA (oposição), que tentaram conquistar a maioria dos 220 lugares da Assembleia Nacional.

João Lourenço, atual Presidente, tenta um segundo mandato e tem como principal adversário Adalberto Costa Júnior.

No total, concorreram oito formações políticas que tentaram conquistar o voto dos 14,4 milhões de eleitores.

O processo eleitoral, que tem cerca de 1.300 observadores nacionais e internacionais, foi criticado pela oposição, considerando-o pouco transparente.

Segundo a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) angolana, os primeiros resultados provisórios indicam que o MPLA venceu as eleições com 60,65%, seguindo-se a UNITA, com 33,85%, quando estão escrutinados 33,16% do total dos votos.

Por seu lado, a UNITA contraria estes números da CNE e reclama a vitória no escrutínio.

"Os nossos centros de escrutínio [dão] claros indicadores provisórios de tendência de vitória da UNITA em todas as províncias do no nosso país", afirmou Abel Chivukuvuku, o número dois das listas do partido, em conferência de imprensa.

Leia Também: Angola. CNE anuncia primeiros resultados, MPLA na frente com 60,65%

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