Bandeira trans surge queimada à porta de igreja em Boston

A comunidade transsexual tem sido fortemente atacada por conservadores em todo o país, com os republicanos a responsabilizarem pessoas trans por problemas na educação, acusação sem qualquer base científica.

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Hélio Carvalho
07/09/2022 10:14 ‧ 07/09/2022 por Hélio Carvalho

Mundo

LGBTI+

A polícia de Boston, nos Estados Unidos, confirmou na terça-feira que está a investigar um possível crime de ódio depois de uma bandeira trans ter surgido queimada à porta de uma igreja na cidade, no mês passado.

A igreja em questão, denominada United Parish of Brookline, é um espaço religioso que procura ser inclusivo para a comunidade queer, e a bandeira trans (identificável pelas cinco faixas a branco, rosa e azul-bebé) estava hasteada há mais de um ano.

Segundo as autoridades, acredita-se que o incidente ocorreu durante a madrugada do dia 25 para o dia 26 de agosto, entre as 22h e as 9h.

O pastor da igreja, o reverendo Kent French, que se identifica como 'queer', lamentou o sucedido, descrevendo à NBC News que a comunidade em torno da igreja de Boston ficou "chocada".

"Estamos inclinados a achar que foi um incidente isolado, mas isto deixa-nos vigilantes e cautelosos", disse French, acrescentando que é incerto que as câmaras de segurança tenham captado o ataque.

Através do Twitter, a igreja escreve que acredita que "todas as pessoas são feitas à imagem de Deus" e "abraça e acarinha todas as pessoas e todo o tipo de famílias".

"Afirmamos e acolhemos todas as pessoas a partilhar em prece, amizade e liderança connosco, a juntar-nos numa diversidade de raça, género, identidade sexual, habilidade física e mental, etnia e meios económicos", salienta a igreja, reiterando que "a violência e ódio demonstrados no nosso terreno não tem lugar no tipo de mundo que Jesus imaginou e que Deus criou".

O incidente em Boston é o mais recente ataque à comunidade trans na cidade e nos Estados Unidos - no mês passado, foi feita uma ameaça de bomba a um hospital pediátrico na cidade por membros de milícias de extrema-direita, que criticavam o estabelecimento por ajudar jovens trans em cuidados de transição de género, físicos ou mentais; e, em julho, um centro de apoio a idosos LGBTQ foi vandalizado com insultos homofóbicos.

No geral, a comunidade LGBTQ+ tem sido vilmente atacada pelos conservadores republicanos, na antecâmara das eleições intercalares nos Estados Unidos (ou 'Midterms'). Muitos republicanos têm feito da sua campanha uma defesa dos valores tradicionais e heteronormativos, especialmente nos estados tendencialmente conservadores.

No estado do Texas, por exemplo, o partido republicano declarou oficialmente, em 2022, que a homossexualidade é "uma escolha de estilo de vida anormal" e prometei combater "todos os esforços para validade a identidade transgénero". O governador do mesmo estado, Greg Abbott, aprovou ainda uma lei que criminalizava não só os tratamentos de conversão de sexo, desde a terapia à própria cirurgia, como culpabilizava os pais que não denunciassem a transsexualidade dos filhos.

No mesmo estado, foram feitos vários ataques a 'drag queens' que iam a escolas ou a centros infantis ler histórias inclusivas a crianças (uma série de eventos conhecida como 'Drag Queen Story Hour', que existe desde 2015) - e na Califórnia, um grupo de supremacistas brancas ameaçou mesmo um destes eventos.

Além disso, vários estados, nomeadamente a Flórida, proibiram quaisquer conteúdos LGBTQ nas escolas, seja em manuais escolares ou através dos professores, que ficaram também interditos de tirar dúvidas a alunos LGBTQI+ sobre a sua própria identidade de género - um limite que surgiu em defesa daquilo que os republicanos consideram ser a "educação tradicional".

Leia Também: Republicanos no Texas declaram que homossexualidade é "escolha anormal"

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