Entre as novidades, as autoridades moçambicanas estão a testar o visto eletrónico, que se poderá obter via Internet (como já acontece noutros países), visando facilitar a entrada de turistas e empresários no país.
"É uma mudança extraordinária", referiu Quessanias Matsombe, operador na área de hotelaria em Moçambique e ex-dirigente associativo no setor.
O aumento do prazo do visto de turismo de 30 para 90 dias ?e o facto de passar a ser misto, dando a possibilidade de realizar negócios, "é muto bom", salientou.
Uma outra inovação de grande alcance, prosseguiu, é a introdução do visto eletrónico, dado que vai permitir que qualquer estrangeiro solicite entrada em Moçambique, a partir de qualquer ponto do mundo, mesmo que não tenha por perto uma embaixada ou consulado do país africano.
"O visto 'on-line' seria a solução" na entrada em Moçambique, destacou, acrescentando que este modelo assegura mais receitas diretas para os cofres do Estado.
"A pessoa vai lidar com o sistema, com a plataforma, não vai ter relação com nenhuma pessoa e mesmo para pagar vai usar cartão de crédito", salientou.
O dinheiro vai diretamente para os cofres do Estado e não há espaço para o "refresco", a palavra usada pelos funcionários públicos para exigir subornos.
Aquele empresário do setor hoteleiro defendeu que as inovações devem ser acompanhadas de mudanças no comportamento dos funcionários do Estado. Porque turistas e os investidores estrangeiros são "uma mais-valia" para a economia do país e não fonte de rendimento ilícito, destacou.
Por seu turno, Noor Momade, presidente da Associação dos Agentes de Viagens e Operadores Turísticos de Moçambique (Avitum), Noor defendeu que as mudanças no regime de vistos e permanência de estrangeiros no país são "uma importante alavanca" para o turismo e negócios, uma vez que vão "agilizar" o fluxo de estrangeiros e de investidores.
"Estávamos atrás de muitos países na atração de turistas e de investidores, mas com estes avanços importantes, foram removidas barreiras para a entrada de pessoas que são bem-vindas em Moçambique, pelas mais-valias que trazem", defendeu Momade.
A facilidade na concessão de vistos e na permanência de estrangeiros são uma vantagem comparativa para países que pretendem dinamizar o turismo e o investimento externo, disse.
"A primeira avaliação que um turista ou investidor faz para decidir se vai ou não a um país é o regime de vistos e de permanência no território", destacou.
Alison Briggs, gestor sénior do Grindrod, grupo sul-africano que participa na gestão do porto de Maputo, acredita igualmente que o novo regime de vistos vai trazer "enormes benefícios".
As mudanças na política de vistos são parte das 20 medidas anunciadas em agosto pelo chefe de Estado moçambicano no âmbito do Pacote de Estímulo à Aceleração da Economia (PAE).
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