A manifestação, em Rutshuru-Centre, Kivu do Norte, foi realizada a convite da sociedade civil para protestar contra a "inação" do exército contra o grupo armado M23, que ocupou uma localidade estratégica na fronteira com o Uganda, Bunagana, durante 100 dias.
Kinshasa acusa o Ruanda de apoiar este movimento armado, que Kigali nega. Esta quarta-feira, à margem da Assembleia-Geral das Nações Unidas em Nova Iorque, os líderes dos dois países, o Presidente da RDCongo, Felix Tshisekedi, e o seu homólogo ruandês, Paul Kagamé, reuniram-se, com o patrocínio do chefe de Estado francês, Emmanuel Macron, para discutir as tensões na região.
O encontro decorreu num contexto denso, um dia depois de Tshisekedi, num discurso na Assembleia-Geral, ter mais uma vez acusado o Ruanda de "agressão" e "ocupação" militar "direta", ainda que por procuração, através do alegado apoio de Kigali ao movimento armado M23, um antigo grupo rebelde dominado por elementos de etnia tutsi, que retomou as armas no final de 2021.
Os apelos à "libertação" de Bunagana multiplicaram-se por ocasião dos 100 dias de ocupação e em Rutshuru-Centre, a sociedade civil apelou a uma "concentração por tempo indeterminado" em frente ao gabinete do administrador militar local.
A cidade parou na manhã de quinta-feira, com escolas e lojas fechadas e a estrada nacional n.º 2 cortada, segundo residentes entrevistados por telefone pela agência France-Presse em Goma, capital do Kivu do Norte.
"A polícia acaba de disparar contra os manifestantes", afirmou à AFP Justin Bin Serushago, um elemento da sociedade civil em Rutshuru, que acrescentou que uma pessoa morreu e duas outras ficaram feridas.
"Não nos vamos mexer até que as operações militares sejam retomadas contra a M23", disse ainda.
A pessoa morta é "um jovem, atingido no peito", informou um funcionário do hospital geral de Rutshuru, em declarações à AFP, sob condição de anonimato.
A situação no terreno tem estado relativamente calma desde há várias semanas, com os rebeldes e o exército a controlarem-se mutuamente a partir das respetivas posições.
Em meados de julho, o comando das operações militares congolesas contra a M23 foi entregue a um tenente-general experiente, Philemon Yav, que entretanto se encontra detido em Kinshsa, sem que tenha até agora sido dada qualquer explicação oficial para o seu encarceramento.
De acordo com a imprensa congolesa, impendem sobre o militar suspeitas de "alta traição" e "colaboração com uma potência estrangeira", no caso, o Ruanda.
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