Líder do Burkina Faso adverte ONU para risco de abandonar o Sahel

O líder da junta militar do Burkina Faso advertiu hoje nas Nações Unidas que o terrorismo na região "põe em jogo" a paz e a segurança internacionais, pois "nenhuma medida" impedirá a propagação do terrorismo se o Sahel ficar sozinho.

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© BRYAN R. SMITH/AFP via Getty Images

Lusa
23/09/2022 18:42 ‧ 23/09/2022 por Lusa

Mundo

Paul-Henri Sandaogo Damiba

Paul-Henri Sandaogo Damiba falava perante a 77.ª Assembleia-Geral da ONU, onde deixou um aviso: "E nada, absolutamente nada, pode deter a juventude do Sahel e dos países circundantes da tentação de migração perigosa para a Europa através do Saara e do Mediterrâneo, se estes jovens já não tiverem esperança nas suas próprias terras".

Por esta razão, indicou que "o apoio da comunidade internacional é indispensável e esperado". "Este apoio é particularmente urgente, porque a posição geográfica do Burkina Faso faz dele um cadeado para impedir a propagação do terrorismo para países costeiros como o Benim, Costa do Marfim, Gana e Togo".

Salientando que "a estabilidade, segurança e paz no Sahel não são apenas um assunto para os países desta região", Sandaogo Damiba explicou que a situação atual "é o resultado do terrorismo do norte ao sul do continente".

"É, portanto, imperativo que a comunidade internacional se preocupe com ela e lhe preste mais atenção. Os esforços feitos até agora são certamente benéficos, mas ainda ficam aquém das expetativas, dada a realidade no terreno", disse.

Saudou igualmente a iniciativa da União Africana (UA) e do secretário-geral da ONU, António Guterres, de lançar uma missão de avaliação da segurança no Sahel, com o ex-Presidente nigerino Mahamadou Issoufou, como mediador.

"Em 24 de janeiro de 2022, um grupo de jovens patriotas foi forçado a assumir as suas responsabilidades na gestão pública dos assuntos do Estado, face à deriva da atual governação política, à crescente insegurança no nosso país e à progressiva e contínua desintegração do Estado, pondo fim a um regime democraticamente eleito mas caótico", explicou.

Neste sentido, explicou que o movimento de 24 de janeiro "é ilegal" e "repreensível" em relação aos princípios das Nações Unidas, ao mesmo tempo que salientou que, "tendo em conta o que prevalecia", era "necessário e indispensável" voltar à ordem.

O líder da junta militar do Burkina Faso, responsável pelo golpe de Estado de 24 de janeiro, explicou que o regresso à ordem não é uma justificação, nem implica "encorajar práticas desestabilizadoras ou práticas que violem as ordens constitucionais".

Sandaogo Damiba explicou também que a junta está "concentrada na preservação do território" e que tem "verdadeira legitimidade popular na opinião pública" do país. "Este entusiasmo e apoio popular ainda prevalece em relação às autoridades da Transição que tenho vindo a liderar há oito meses", acrescentou.

O líder da junta militar destacou o "compromisso dinâmico" que têm com a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que permite "o regresso dos serviços estatais às áreas ocupadas, bem como o regresso das pessoas deslocadas pelo conflito".

"Os recentes acontecimentos que perturbaram o curso democrático do meu país são, portanto, o resultado da ausência de respostas adequadas a esta crise de segurança e de uma má governação política", concluiu.

Leia Também: Burkina Faso. Pelo menos 35 civis morrem em explosão de engenho artesanal

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