Ameaça nuclear? "Talvez já tenha sido 'bluff'. Agora, pode ser realidade"

Zelensky alertou também que os referendos a decorrer nas regiões ocupadas são “um sinal muito perigoso” de que Putin “não vai terminar” a guerra.

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© Presidência da Ucrânia

Márcia Guímaro Rodrigues
25/09/2022 21:34 ‧ 25/09/2022 por Márcia Guímaro Rodrigues

Mundo

Volodymyr Zelensky

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, revelou, este domingo, que não acredita que o seu homólogo russo, Vladimir Putin, esteja a fazer ‘bluff’ quando ameaça utilizar armas nucleares.

“Talvez já tenha sido um ‘bluff’. Agora, pode ser uma realidade”, disse Zelensky numa entrevista ao canal de televisão norte-americano CBS.

“Ele [Putin] quer assustar o mundo inteiro e estes são os primeiros passos da sua chantagem nuclear. Não me parece que ele esteja a fazer ‘bluff’. Penso que o mundo está a dissuadi-lo e a conter esta ameaça. Temos de continuar a pressioná-lo e não permitir que ele continue”, frisou.

Em causa está o facto de Putin ter afirmado, no seu primeiro discurso à nação desde o início da invasão russa, que o Ocidente e a NATO fazem “chantagem nuclear” e que a Rússia usaria “todos os meios que tem ao seu dispor” para garantir a sua segurança. “Os que fazem chantagem tenham cuidado, o mal pode virar-se contra eles. Isto não é um bluff”, frisou o presidente russo. 

Zelensky alertou também que os referendos a decorrer nas regiões ocupadas - Donetsk, Lugansk, Zaporíjia e Kherson - sobre a anexação pela Rússia são “um sinal muito perigoso” de que Putin “não vai terminar” a guerra, iniciada há já sete meses.

Na mesma entrevista, o chefe de Estado ucraniano revelou que país já recebeu os sistemas de defesa anti-aérea dos Estados Unidos Unidos da América (EUA), cujo envio foi autorizado por Washington no mês passado. No entanto, segundo frisou o chefe de Estado, a tecnologia não é “suficiente”. 

“Quero agradecer ao presidente [Joe] Biden por uma decisão positiva que já foi tomada. Mas acreditem, não é sequer suficiente para cobrir as infra-estruturas civis, escolas, hospitais, universidades, lares de ucranianos”, disse.

O conflito entre a Ucrânia e a Rússia começou com o objetivo, segundo Vladimir Putin, de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia. A operação foi condenada pela generalidade da comunidade internacional.

A ONU confirmou que cerca de 5.900 civis morreram e oito mil ficaram feridos na guerra, sublinhando que os números reais serão muito superiores e só poderão ser conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.

Leia Também: Zelensky dirige-se aos russos: "Não querem saber das vossas vidas"

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