A multidão reuniu-se em frente do parlamento para defender "o direito fundamental de decidir se se quer ou não ter um filho", explicou uma das manifestantes, Monika Karvaly, uma secretária de 43 anos, à agência de notícias francesa AFP.
"Se as circunstâncias forem diferentes (tiver havido violência ou abuso), não nos devem responsabilizar nem castigar!", defendeu.
Kléo Nyitrai, bióloga de 28 anos, também esteve presente na marcha, realizada a propósito do Dia Internacional do Aborto Seguro, que hoje se assinalou, e explicou que "quer ter filhos", mas quer escolher quando.
"Está tudo muito incerto, com a guerra, a inflação, a crise de energia", justificou.
Desde meados de setembro, as mulheres húngaras que queiram abortar terão de ouvir os batimentos cardíacos fetais, uma medida denunciada em cartazes empunhados hoje por manifestantes, onde se podia ler frases como "E as batidas do meu coração? Alguém se importa?", "Cuidem do vosso próprio útero" ou "A vagina é minha, a decisão é minha".
IO aborto é legal neste país da Europa central, membro da União Europeia (UE), desde a década de 1950, na maioria dos casos até à 12ª semana de gravidez.
No entanto, o primeiro-ministro ultraconservador Viktor Orban, no poder desde 2010, tem aumentado as medidas pró-natalidade, tendo inscrito, na Constituição que entrou em vigor em 2012, que "a vida do feto começa na conceção".
Quando o novo decreto foi anunciado, a organização internacional de defesa dos direitos Amnistia Internacional denunciou um "revés preocupante" na Hungria, considerando que a nova legislação ia dificultar o "acesso ao aborto" e "traumatizar mulheres já em situações difíceis".
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