Hu Xijin, um proeminente comentador chinês e ex-editor-chefe do Global Times, jornal oficial do Partido Comunista da China, escreveu esta semana que, embora o uso de armas nucleares desse à Rússia vantagem na Ucrânia, também comprometeria o Tratado de Não -Proliferação de Armas Nucleares e a paz mundial.
"Não importa se a culpa é dos Estados Unidos ou do Ocidente, a Rússia não deve levar a situação ao limite de 'vida ou morte'. A humanidade está em paz e para manter essa paz é necessário algum espaço de manobra e compromissos", apontou.
Jin Canrong, professor na Escola de Estudos Internacionais da Universidade Renmin, em Pequim, disse que Putin deve refletir profundamente sobre o uso de armas nucleares. "Seria um desastre para o mundo", apontou.
Jin escreveu que, mesmo que a Rússia pudesse mobilizar e enviar 300.000 reservistas para a Ucrânia, isso apenas melhoraria a defesa nas áreas ocupadas pela Rússia, mas provavelmente não alteraria o desenrolar da guerra.
Zhou Ming, colunista militar da Phoenix TV, frisou que o uso de armas nucleares não pode ser justificado, já que a Ucrânia cumpriu com a sua promessa de entregar milhares de armas atómicas, em 2001, visando dar garantias de segurança a Moscovo.
Ele opinou ainda que os EUA e a NATO teriam motivos para atacar a Rússia directamente, se Putin usasse armas nucleares.
A imprensa oficial chinesa reportou também que muitos jovens russos fugiram do país após a mobilização decretada por Putin. Os artigos consideraram ser compreensível que eles quisessem escapar da convocação, já que o exército russo é incapaz de fornecer comida ou armas suficientes.
Apesar de a China ter procurado manter neutralidade, a imprensa estatal do país mostrou inicialmente simpatia pela posição russa, culpando os Estados Unidos pelo conflito.
Os órgãos oficiais chineses evitaram referir a morte de civis em ataques russos e ampliaram sobretudo a mensagem de Moscovo, citando apenas funcionários do Kremlin e os órgãos oficiais russos como fontes noticiosas sobre o conflito.
Nas primeiras semanas após o início da invasão, a imprensa chinesa divulgou notícias positivas sobre as operações militares da Rússia e previu que Moscovo venceria a guerra rapidamente.
A mudança de tom surge depois de o Presidente chinês, Xi Jinping, ter levantado "questões e preocupações" sobre o conflito, durante uma reunião com o homólogo russo, Vladimir Putin, no Uzbequistão, em meados de setembro.
Numa reunião com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas, na semana passada passada, o ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, frisou também que "todos os países merecem respeito pela sua soberania e integridade territorial".
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