Em mais de 150 cidades de vários países, incluindo Portugal, os manifestantes mostraram a sua solidariedade com esses movimentos alvo de violenta repressão por parte das autoridades iranianas, que mataram pelo menos 83 pessoas, desde que Amini foi morta, há duas semanas, três dias depois da sua detenção por não estar vestida de acordo com o rígido código islâmico.
"Estudantes manifestaram-se nas universidades para denunciar as ações da polícia contra os ativistas", informou a agência de notícias iraniana Fars, que relatou ainda comícios "organizados na Praça da Revolução, perto da Universidade de Teerão, no centro da capital, onde eclodiram confrontos entre a polícia e manifestantes, alguns dos quais foram presos".
Ao longo do dia de hoje, circularam nas redes sociais vídeos que mostravam manifestações e comícios em diversas universidades, onde jovens cantavam e entoavam 'slogans' a favor dos movimentos de protesto e contra a passividade das instituições do seu país.
"A cidade está afogada em sangue, mas os nossos professores permanecem em silêncio!", gritavam manifestantes do lado de fora da Universidade Karaj, a oeste de Teerão, segundo um dos vídeos.
Na noite de sexta-feira, os iranianos já se tinham manifestado em Saqez, uma cidade no Curdistão, de onde era originária Mahsa Amini.
Cerca de 60 pessoas foram mortas e mais de 1.200 manifestantes -- incluindo ativistas, advogados e jornalistas - foram detidos nas manifestações, que decorrem desde 16 de setembro, de acordo com relatórios de várias organizações não governamentais.
Ao longo do dia de hoje, em Berlim, mais de 1.000 manifestantes ergueram cartazes denunciando o regime iraniano, enquanto em Bruxelas, mais de 2.000 pessoas gritaram palavras de ordem contra a violência do regime de Teerão.
Outras manifestações ocorreram em Lisboa, Roma, Madrid, Atenas, Bucareste, Londres, Varsóvia, Nova Iorque e Tóquio, exigindo "justiça" para Mahsa Amini e denunciando a "ditadura" no Irão.
Num outro sentido, em Beirute, o líder do movimento armado xiita Hezbollah, Hassan Nasrallah, um aliado próximo do Irão, classificou a morte de Mahsa Amini como "incidente vago" e denunciou as manobras de "incitação" contra o regime.
Em Teerão, o ex-primeiro-ministro iraniano Mir Hossein Mousavi -- que agora está na oposição -- pediu às autoridades para abandonar a violência, numa mensagem na rede social Instagram.
"Gostaria de lembrar a todos os agentes da lei o seu juramento de proteger a nossa terra, o Irão, as vidas e os direitos do povo", disse o ex-chefe de Governo, que está em prisão domiciliar desde 2011.
As autoridades iranianas acusam os manifestantes de semearem o "caos" e de atuarem a mando de forças do estrangeiro, incluindo os Estados Unidos.
Nas últimas duas semanas, milhares de iranianos têm-se manifestado nas ruas, na sequência da morte de Mahsa Amini, uma curda de 22 anos, depois de presa pela chamada "polícia da moralidade", em Teerão, por uso "indevido" do véu islâmico.
Leia Também: Centenas protestam em Lisboa para dar voz a uma nova revolução no Irão