"A Universidade de Tecnologia de Sharif anunciou que, devido aos acontecimentos recentes e à necessidade de proteger os alunos (...), todas as aulas serão realizadas virtualmente a partir de segunda-feira [hoje]", avançou a agência de notícias iraniana Mehr, citada pela francesa AFP.
Segundo a agência, cerca de 200 estudantes reuniram-se, na tarde de domingo, na Universidade de Tecnologia de Sharif para realizar uma manifestação na qual entoaram cânticos hostis ao sistema religioso vigente na República Islâmica e gritaram frases como "Mulher, vida, liberdade" ou "Estudantes preferem a morte à humilhação".
A Mehr adianta ainda que os estudantes protestavam contra a detenção de estudantes durante as recentes manifestações desencadeadas pela morte, em 16 de setembro, da jovem de 22 anos Mahsa Amini, detida três dias antes em Teerão pela chamada polícia de costumes por violar o código de vestuário, usando o véu islâmico ('hijab') sem tapar completamente o cabelo.
No domingo à noite, a polícia disparou bolas de 'paintball', esferas de aço e gás lacrimogéneo contra os estudantes, enquanto forças de segurança e da polícia à paisana se mantinham em alerta na entrada norte da universidade, de acordo com a agência.
Para acalmar a situação, o ministro da Ciência entrou na universidade para falar com os estudantes e iniciou um diálogo com as forças estacionadas à volta do estabelecimento, acrescentou a mesma fonte.
No domingo, o Presidente iraniano, Ebrahim Raissi, acusou os "inimigos" do Irão de "conspiração" contra o país, dizendo que falharam ao tentar manipular os protestos contra o Governo pela morte de Mahsa Maini.
"Enquanto a República Islâmica ia superando os problemas económicos para se tornar mais ativa na região e no mundo, os inimigos entraram em jogo com a intenção de isolar o país. Mas falharam nessa conspiração", disse o líder iraniano, num comunicado.
Para o líder iraniano, as manifestações contra o Governo -- protestando pela morte de Amini - estão a ser instrumentalizados pelo Ocidente, em particular pelos Estados Unidos, para fragilizar o regime de Teerão.
As manifestações estão a ser reprimidas com violência pelas forças de segurança iranianas que, de acordo com várias organizações não-governamentais, já mataram 92 pessoas desde meados de setembro.
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