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Incêndios na Tanzânia continuam a alastrar-se no Monte Kilimanjaro

O primeiro-ministro da Tanzânia, Kassim Majaliwa, disse hoje que vários incêndios ainda se propagam no monte Kilimanjaro, e que centenas de polícias e voluntários foram mobilizados para conter os fogos, ativos há 15 dias.

Incêndios na Tanzânia continuam a alastrar-se no Monte Kilimanjaro
Notícias ao Minuto

14:23 - 03/11/22 por Lusa

Mundo Tanzânia

"Enquanto os esforços se concentravam na área de Karanga, outros incêndios apareceram nas áreas de Mandara e Ubetu Samanga do Parque Nacional Kilimanjaro, afetando a vegetação natural e a vida selvagem", disse Majaliwa ao parlamento, sem dar mais pormenores.

O incêndio, que começou em 21 de outubro próximo do campo de Karanga, a uma altitude de cerca de 4.000 metros, é um ponto de passagem para os alpinistas na sua subida do "telhado de África" (5.895 metros).

As chamas espalharam-se então para outros locais, consumindo cerca de 33 quilómetros quadrados de vegetação no Parque Nacional do Kilimanjaro.

Embora a origem do fogo não tenha ainda sido formalmente identificada, Eliamani Sedoyeka afirmou que "é possível que um alpinista ou coletores de mel tenham causado o incêndio por negligência".

Um responsável da Autoridade de Parques Nacionais, Herman Batiho, afirmou estar "certo de que se deveu a atividade humana, talvez a extração de mel por habitantes ou caçadores furtivos".

Cerca de 900 soldados foram mobilizados para apoiar os bombeiros e voluntários na região de Karanga.

"Os esforços para conter os incêndios prosseguem e a situação está "sob controlo" na maioria das áreas, disse o primeiro-ministro.

O Kilimanjaro e a área à sua volta são classificados como um parque nacional, um Património Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO, na sua sigla em inglês).

Com uma área total de mais de 75.000 hectares, o parque abriga um ecossistema com uma flora rica e uma fauna composta por elefantes, búfalos e antílopes, entre outras espécies de animais.

Este maciço vulcânico formado por três picos (Kibo, Mawenzi, Shira) não está a conseguir escapar ao aquecimento global, que está a secar em particular a sua vegetação, composta sucessivamente por planícies, floresta de montanha e charnecas de altitude, antes de um deserto alpino e do pico da montanha.

"As neves do Kilimanjaro", celebradas pelo escritor norte-americano Ernest Hemingway, poderão mesmo desaparecer até 2040, segundo um relatório de 2011 da Organização Meteorológica Mundial, a agência especializada da ONU, sobre a situação climática de África.

A superfície coberta por glaciares recuou 85% num século, passando de 11,40 quilómetros quadrados (km2) em 1912 para 1,76 km2 em 2011.

Este incêndio surge exatamente dois anos após um incêndio que devastou 95 km2 de encostas durante uma semana em outubro de 2020, sem causar vítimas.

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