Turquia: Putin comprometeu-se a entregar cereais em África gratuitamente
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, anunciou que o seu homólogo russo, Vladimir Putin, se comprometeu a que os cereais exportados através do mar Negro cheguem gratuitamente aos países em desenvolvimento, especialmente em África.
© Alexis Mitas/Getty Images
Mundo Ucrânia/Rússia
Erdogan serviu de mediador para a Rússia voltar ao acordo de exportação de cereais a partir da Ucrânia, graças ao qual já saíram deste país 10 milhões de toneladas desde julho, segundo estimativas da ONU.
Esta semana, o chefe de Estado turco falou com o seu homólogo russo, que se comprometeu a eliminar obstáculos para que os cereais cheguem a "países como Djibuti, Somália e Sudão", precisou Erdogan numa reunião empresarial noticiada pela agência Anatólia.
O presidente da Turquia espera que o envio de cereais e fertilizantes para países em vias de desenvolvimento seja também um dos temas centrais da cimeira de líderes do G20 (grupo formado pelos ministros das Finanças e presidentes dos bancos centrais das 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia) que Bali, na Indonésia, acolherá nos dias 15 e 16 de novembro e para a qual Putin também foi convidado, e ainda não disse se irá.
Contudo, Putin já avisou de que se reserva o direito a voltar a retirar a Rússia do acordo com a Ucrânia se considerar que o país está, de alguma maneira, a violar os compromissos assumidos, principalmente no âmbito da segurança. Nesse caso, Moscovo continuaria a permitir os envios para a Turquia, segundo o presidente russo.
Por seu lado, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, fez saber na quinta-feira que só irá à cimeira do G20 se Putin não for.
"Se o líder da Federação Russa participar, a Ucrânia não o fará", declarou Zelensky num encontro com a imprensa, citado pela agência UNIAN, horas depois de o presidente indonésio, Joko Widodo, ter reiterado por telefone ao seu homólogo ucraniano que está convidado.
Um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros indonésio, Teuku Faizasyah, confirmou que 17 chefes de Estado e de governo já confirmaram a sua presença no encontro, embora tenha remetido o anúncio final para Widodo, previsivelmente mais próximo da cimeira do G20.
Putin declarou em finais de outubro que "não foi tomada qualquer decisão" sobre a sua eventual viagem,e o Kremlin também não deu indicações sobre essa questão na quarta-feira, ao fazer o balanço do conteúdo de uma conversa telefónica com o presidente indonésio.
Moscovo quis, no entanto, elogiar a presidência "despolitizada" do G20 que Jacarta exerceu.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,7 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada por Putin com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 254.º dia, 6.430 civis mortos e 9.865 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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