Irão acusa Israel e serviços ocidentais de prepararem guerra civil
O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Hossein Amir-Abollahian, acusou hoje Israel e os serviços secretos ocidentais de estarem a planear uma guerra civil no Irão.
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Mundo Hossein Amir-Abollahian
O Irão tem sido abalado por uma vaga de protestos desde a morte, a 16 de setembro, de Mahsa Amini, uma curda iraniana de 22 anos, detida três dias antes pela polícia da moralidade por alegadamente violar o rigoroso código de vestuário da República Islâmica.
"[Israel], os serviços de inteligência e alguns políticos ocidentais planearam uma guerra acompanhada pela destruição e desintegração do Irão", disse Amir-Abollahian numa publicação na rede social Twitter diculgada hoje, um dia após um duplo ataque em duas cidades do Irão que provocou a morte a uma dezena de pessoas.
"Devem saber que o Irão não é nem a Líbia nem o Sudão. Hoje, os inimigos visam a integridade do Irão e a identidade iraniana. Mas a sabedoria do nosso povo frustrou o plano", acrescentou.
Por seu lado, segundo a agência noticiosa iraniana Fars, o general Hossein Salami, chefe dos Guardas Revolucionários, exército ideológico do Irão, declarou em Qom, a cerca de 150 quilómetros a sudoeste de Teerão, que se está atualmente a assistir-se a "um posicionamento político no cenário mundial".
"Os Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, França, Israel, Arábia Saudita e os seus aliados estão a preparar-se para lutar contra Deus, contra o seu profeta e os seus mártires. Esta é uma grande conspiração contra a nação. Algumas pessoas dentro do país tornaram-se marionetes do inimigo para destruir a nação iraniana", acrescentou.
Pelo menos 12 pessoas morreram na noite de quarta-feira em protestos e trocas de tiros em várias regiões do Irão
O caos dos protestos está a ser "explorado por grupos terroristas" para cometer um atentado na cidade de Izeh, no sul do Irão, noticiou a agência estatal iraniana IRNA.
Homens armados a conduzir motocicletas abriram fogo sobre populares e polícias no mercado central da cidade, matando pelo menos sete pessoas e ferindo 15.
Três suspeitos foram detidos pelo alegado envolvimento neste ataque, disse Ali Dehqani, chefe do Departamento de Justiça da província do Cuzistão, onde se encontra Izeh, de acordo com a agência de notícias Tasnim.
Num outro ataque, homens armados também montados em motocicletas dispararam contra as forças de segurança na cidade de Isfahan, no centro do Irão, e mataram dois basiji (milicianos islâmicos) e feriram oito.
Além disso, três pessoas morreram na cidade de Semirom, igualmente na província de Isfahan, em circunstâncias ainda desconhecidas.
Os protestos intensificaram-se desde terça-feira, na sequência de um apelo de ativistas para comemorar as mobilizações antigovernamentais de 2019, durante as quais foram mortas 300 pessoas, de acordo com a organização não-governamental de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional.
Estão a decorrer greves em várias cidades iranianas, mas é difícil conhecer o alcance deste movimento, dadas as limitações da Internet e a falta de informação oficial.
Pelo menos 326 pessoas, incluindo 43 menores, morreram no movimento de repressão policial, de acordo com a organização não-governamental Iran Human Rights, com sede em Oslo.
Além disso, cinco pessoas foram condenadas à morte pela participação nos protestos, enquanto cerca de duas mil foram acusadas de vários crimes por se manifestarem.
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