A menos de três semanas do Natal, os ucranianos continuam a ser alvo de constantes bombardeamentos e ataques russos, que visam essencialmente as infraestruturas de energia. Uma realidade preocupante tendo em conta o aproximar do inverno rigoroso que se espera no país.
No entanto, e apesar do conflito que se vive na Ucrânia, Kyiv não vai ser diferente de outras capitais de todo o mundo e irá erguer uma árvore de Natal, como simbolismo da "indomabilidade" do povo ucraniano.
"A principal árvore de Natal do país será artificial, com 12 metros de altura, decorada com guirlandas economizadoras de energia que serão iluminadas por um gerador", afirmou o prefeito da capital ucraniana, Vitali Klitschko, na rede social Telegram.
"A cidade não vai gastar dinheiro, a beleza e as decorações de Ano Novo serão oferecidas por empresas e patronos. A árvore de Natal vai ser enfeitada com a decoração dos anos anteriores: mil brinquedos, nomeadamente bolas azuis e amarelas, bem como 500 pombas brancas. O topo da árvore de Natal será decorado com o brasão da Ucrânia. A parte inferior da árvore de Natal será decorada com as bandeiras dos países, que estão a ajudar Kyiv a enfrentar os desafios e as consequências da guerra", revelou o autarca.
No entanto, não irão realizar-se quaisquer atividades, como animação, feiras de comércio ou alimentação na Praça Sofia.
Após o Natal, Klitschko afirma que o gerador vai ser doado aos militares ucranianos.
Recorde-se que a Organização das Nações Unidas (ONU) alertou esta semana para o risco de um "inverno catastrófico" para milhões de ucranianos após os mais recentes "ataques implacáveis e generalizados" por parte da Rússia contra civis e importantes infraestruturas.
"Enquanto os ucranianos procuravam desesperadamente abrigo dos bombardeamentos, eles também tiveram que lidar com temperaturas congelantes. De facto, esses últimos ataques renovam o medo de que este inverno seja catastrófico para milhões de ucranianos, que enfrentam a perspetiva de meses de frio sem aquecimento, eletricidade, água ou outros serviços básicos", disse a subsecretária-geral para Assuntos Políticos e de Consolidação da Paz da ONU, Rosemary DiCarlo, numa reunião de urgência do Conselho de Segurança da ONU para debater a situação na Ucrânia.
"Mesmo antes dos últimos ataques, as autoridades ucranianas informaram que praticamente não havia grandes centrais termoelétricas ou hidroelétricas intactas na Ucrânia. O bombardeamento de hoje provavelmente tornará a situação ainda pior", avaliou a representante da ONU.
DiCarlo deixou claro que os ataques contra civis e infraestruturas civis são proibidos pelo direito humanitário internacional e exigiu à Rússia que "cesse imediatamente essas ações".
"Tem que haver responsabilidade por violação das leis de guerra", insistiu.
A seguir a Rosemary DiCarlo, foi a vez do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, falar - por videochamada - perante o corpo diplomático, tendo pedido que a "justiça dentro das estruturas da ONU" seja restaurada, criticando o facto de a Rússia, como responsável "por todo este terror", continue a ter poder de veto dentro do Conselho de Segurança, onde tem bloqueado todas as tentativas de ação contra a sua agressão.
"Não podemos ser reféns de um terrorista internacional", disse, referindo-se a Moscovo.
Zelensky denunciou ainda à ONU "crimes contra a humanidade" após os novos ataques russos à infraestrutura na Ucrânia.
"Com temperaturas abaixo de zero, vários milhões de pessoas sem abastecimento de energia, sem aquecimento e sem água, isso é obviamente um crime contra a humanidade", apontou Zelensky.
O chefe de Estado Ucraniano aproveitou ainda a reunião para pedir aos seus aliados que lhe forneçam mais defesas antiaéreas e antimísseis em resposta a estes últimos ataques perpetrados pela Rússia, que acusou de tentar destruir a infraestrutura energética do país para fazer milhões de pessoas sofrerem durante o inverno.
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