Gomes Cravinho pede à Sérvia relação económica mais intensa com Portugal

O ministro dos Negócios Estrangeiros português insistiu hoje junto do governo sérvio que só com diálogo pode ultrapassar as tensões com o Kosovo, em encontros onde abordou a adesão destes dois países à União Europeia, além das relações bilaterais.

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Lusa
14/12/2022 18:47 ‧ 14/12/2022 por Lusa

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Gomes Cravinho

"Falámos no diálogo entre Belgrado e Pristina, sobre as relações Sérvia-Kosovo, e inevitavelmente, no impacto negativo da invasão da Ucrânia pela Rússia nas relações internacionais em geral, incluindo nos Balcãs Ocidentais e na relação dos países desta região com a União Europeia", disse João Gomes Cravinho em declarações à Lusa.

As tensões entre a Sérvia e o Kosovo, sua antiga província que autoproclamou a independência em 2008, agravaram-se nos últimos dias, na sequência do bloqueio das estradas do norte do território kosovar pela população sérvia do país.

"A minha insistência foi sobretudo no sentido de dizer que não há outra solução senão o diálogo e eu creio que isso foi bastante bem aceite", referiu o chefe da diplomacia portuguesa, que se deslocou hoje a Belgrado, por ocasião do 140.º aniversário das relações diplomáticas entre Portugal e a Sérvia.

A oposição Sérvia, que já tem estatuto de país candidato, a que a UE aceite o pedido de adesão ao bloco comunitário que Pristina poderá apresentar quinta-feira, também foi tema nos encontros de Gomes Cravinho com o homólogo sérvio, Ivica Dacic, o Presidente da República, Aleksandar Vucic, a primeira-ministra, Ana Brnabic, e a ministra da Integração Europeia, Tanja Miscevic.

"Em relação ao Kosovo, a Sérvia conta com a Rússia como apoiante no âmbito do Conselho de Segurança das Nações Unidas e, portanto, tem uma grande dificuldade. Como foi dito por um dos meus interlocutores hoje, no início do processo de candidatura (para aderir à UE), consideravam que o capítulo do alinhamento em matéria de política externa com a União Europeia seria o capítulo mais fácil", referiu o ministro português.

Agora, avançou "sentem que é um dos capítulos mais difíceis, exatamente porque estão com estas duas partes, a União Europeia e a Rússia, ambas importantes para a Sérvia, num quadro de confrontação, criado pela Rússia".

O ministro português não tem dúvidas de que Belgrado está "alinhada com a União Europeia, numa perspetiva prática e de princípios", mas ao mesmo tempo "com alguma dificuldade" em se distanciar de Moscovo.

Sobre o pedido de adesão do Kosovo, o chefe da diplomacia admitiu que a não unanimidade dificulta o processo, recordando que 22 países da UE, incluindo Portugal, reconheceram a independência do país, mas os outros Estados-membros não.

Salvaguardou, contudo, que "o importante é manter a perspetiva no horizonte de médio e longo prazo, e não das questões de conjuntura que todos os dias aparecem".

Quanto às relações Portugal-Sérvia, o ministro adiantou que, não havendo qualquer dificuldade, "as relações são muito menos intensas do que deveriam ser, no plano económico, por exemplo".

"Há uma dinâmica muito significativa nos Balcãs ocidentais e a Sérvia absorve dois terços do investimento (ali) criado" sublinhou Cravinho, numa altura em que há "uma presença económica portuguesa muito, muito escassa".

A visita contribuiu para identificar algumas novas oportunidades, disse o ministro, referindo que há áreas "como a transição energética e transição digital, em que Portugal tem empresas e conhecimentos" que podem ser aproveitados.

Leia Também: Montenegro critica "recusa" do Governo em prestar esclarecimentos na AR

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