"Ninguém no estrangeiro pode impor-nos soluções ou alternativas próprias para os nossos problemas", afirmou Saied, citado pela agência noticiosa tunisina TAP, acrescentando que a solução não passa "pelos números" do Fundo Monetário Internacional (FMI).
"Não queremos soluções ditadas do estrangeiro que beneficiem as partes que as propõem enquanto a situação na Tunísia se mantiver inalterada", explicou, antes de frisar que as propostas devem ter em conta a situação social e económica do país norte-africano.
Saied afirmou que, nas viagens que fez ao exterior, "insiste constantemente na soberania do povo".
"As questões de interesse dos tunisinos estão no topo da nossa lista de prioridades, para as quais devemos encontrar soluções a partir de uma posição puramente tunisina", argumentou.
Por isso, reafirmou que as decisões da população são "soberanas" e sublinhou que devem emanar unicamente da "vontade popular", na véspera das eleições legislativas antecipadas, que fazem parte do seu 'roteiro' e que são boicotadas pela oposição.
A oposição já boicotou o referendo constitucional de julho, que reforçou os poderes do presidente e tirou peso do Parlamento, parte de uma série de reformas promovidas por Saied, que defendeu que as medidas têm apoio popular, no meio de uma grave crise económica e social.
Os tunisinos vão eleger sábado um Parlamento sem poderes reais numa votação boicotada pela oposição, última etapa do novo sistema ultra-presidencialista edificado por Saied, desde que assumiu o poder através de um "golpe de força".
A nova Assembleia de 161 deputados substituirá a que Saied havia destituído a 25 de julho de 2021, após meses de bloqueios políticos no sistema em vigor desde o derrube da ditadura de Zine El Abidine Ben Ali, durante a primeira revolta da Primavera Árabe, em 2011.
Se esta câmara (formalmente dissolvida em Março) era um polo de poder com vastas prerrogativas, aquela que emergirá das eleições legislativas, no final de uma segunda volta marcada para fevereiro ou março, será dotada de poderes muito limitados sob um nova Constituição que Saied fez aprovar no verão passado num referendo marcado por uma elevada abstenção (quase 70%).
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