Numa declaração divulgada pela rádio local Oméga, a ministra dos Negócios Estrangeiros, Olivia Rouamba, afirmou que "o Burkina Faso retirou o seu embaixador em sinal de protesto".
No dia 13, durante a cimeira EUA-África, em Washington, Akufo-Addo declarou que "os mercenários russos estão na fronteira norte", que o Gana partilha com o Burkina, e que "o Burkina Faso assinou um acordo para acompanhar o Mali na utilização das forças Wagner".
Rouamba advertiu que "tais comentários são inaceitáveis vindos de um país amigo" com o qual Burkina Faso partilha "laços históricos e fraternos".
"Por instruções do ministro, abordamos oficialmente o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Gana para expressar o espanto e incompreensão do nosso país perante as declarações do Presidente ganês", afirmou o embaixador do Burkina Faso no Gana, na mesma declaração.
Já em 16 de dezembro, o Ministério dos Negócios Estrangeiros burquinabê tinha convocado o embaixador do Gana no Burkina Faso, Boniface Gambila Adagbil, para "uma audiência urgente" por este motivo.
Nas suas declarações, o Presidente ganês indicou que as autoridades burquinabês tinham atribuído ao grupo paramilitar russo Wagner "uma mina no sul do Burkina Faso como pagamento pelos seus serviços" e que o primeiro-ministro do Burkina, Apollinaire Joachim Kyélem de Tambèla, tinha estado em Moscovo durante os últimos 10 dias.
Em 07 de dezembro, o Conselho de Ministros do Burkina Faso anunciou que tinha concedido autorização à empresa mineira russa Nordgold Yimiougou para explorar uma grande mina de ouro na comuna de Korsimoro, localizada na província de Sanmatenga, na região Centro-Norte.
As acusações do Presidente do Gana surgem numa altura em que países como os Estados Unidos da América (EUA) e a França denunciaram que o grupo de segurança privada russo Wagner opera no Mali.
As autoridades malianas negam a presença de mercenários estrangeiros e afirmam que a cooperação se limita à presença de instrutores russos.
Em novembro, a Federação Internacional dos Direitos Humanos (FIDH) indicou, num relatório, sobre a situação de segurança no Mali que o Governo maliano recrutou cerca de 1.000 mercenários do grupo Wagner, cujo proprietário está ligado ao Presidente russo, Vladimir Putin.
Tanto o Mali como o Burkina Faso sofrem regularmente ataques de grupos terroristas ligados tanto à Al-Qaida como ao grupo terrorista Estado Islâmico, e ambos os países são governados por oficiais militares após golpes de Estado.
Nos últimos seis anos, o Burkina Faso procurou conter a violência fundamentalista islâmica no seu território, a qual provocou a morte de milhares e obrigou cerca de 2 milhões de pessoas a abandonar as suas áreas de residência.
A falta de resultados na contenção da insurgência fundamentalista islâmica resultou em dois golpes de Estado perpetrados este ano pelos militares do Burkina Faso.
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