EUA não vão enviar especialistas dos sistemas Patriot, garante Moscovo
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, revelou quarta-feira que os Estados Unidos garantiram ao Kremlin que não vão enviar à Ucrânia especialistas para o uso dos sistemas antiaéreos Patriot.
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Mundo Guerra na Ucrânia
"Explicaram-nos bastante que não planeiam fazer isso, precisamente porque os americanos não querem e não vão lutar diretamente com a Rússia", referiu Lavrov em declarações à televisão pública russa Primeiro Canal.
Lavrov especificou que os Patriots serão colocados em serviço na Ucrânia "dentro de vários meses, após os militares ucranianos estarem familiarizados com esta tecnologia".
O Presidente dos EUA, Joe Biden, prometeu a Kiev a entrega deste sistema defensivo durante a recente visita a Washington do líder ucraniano Volodymyr Zelensky, que acusa Moscovo de "terrorismo energético" ao bombardear infraestrutura crítica do seu país.
A embaixadora ucraniana em Washington, Oxana Markarova, assegurou que Kiev está a negociar com Washington a entrega de um grande número de sistemas antiaéreos, depois da imprensa norte-americana ter informado que os EUA apenas iriam fornecer à Ucrânia uma bateria Patriot.
Em entrevista à agência Associated Press (AP) divulgada esta segunda-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano explicou que o governo dos EUA desenvolveu um programa para que as tropas ucranianas concluam o treino mais rápido do que o normal "sem nenhum dano à qualidade do uso da arma [Patriot] no campo de batalha".
Embora Dmytro Kuleba não tenha mencionado um prazo específico, o ministro referiu apenas que será "muito menos de seis meses", acrescentando que o treino decorrerá fora da Ucrânia.
Ao mesmo tempo, Lavrov criticou a lógica de Biden de que "para evitar a Terceira Guerra Mundial, a Ucrânia precisa de vencer" o seu conflito com a Rússia.
"Não entendo qual é a lógica, já que ele diz que não vamos lutar contra a Rússia, senão será a Terceira Guerra Mundial", analisou.
O chefe da diplomacia russa estimou que existem dezenas e "talvez até centenas" de militares norte-americanos na Ucrânia e lembrou que, antes da revolução Euromaidan em 2014, agentes da CIA "ocuparam pelo menos uma fábrica do Serviço de Segurança Ucraniano".
"Especialistas militares (...) oferecem de uma forma ou de outra serviços claramente consultivos e talvez mais do que consultivos", realçou.
Atualmente, estes especialistas, entre outras coisas, estão encarregados de controlar o uso de armas dos Estados Unidos na Ucrânia, acrescentou.
Lavrov alertou ainda que a Rússia está monitorizar de perto o possível fornecimento a Kiev de baterias antiaéreas S-300 de fabricação russa mantidas pela Grécia, que não pode libertar tais sistemas sem a aprovação de Moscovo.
O ministro russo criticou o facto de um representante do Pentágono ter assegurado que não pode impedir os ucranianos de usarem armas norte-americanas contra alvos no seu território, numa clara alusão à península da Crimeia anexada, o que considerou "uma grave mudança de posição".
Sobre uma possível solução pacífica do conflito, Lavrov acusou Washington de impedir Kiev de entrar em negociações com Moscovo, na esperança de "esgotar" os recursos da Rússia.
Lavrov enfatizou que os territórios das quatro regiões ucranianas anexadas pelo Kremlin em setembro - Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia - devem ser libertados de acordo com a Constituição russa.
Para isso, sublinhou, Moscovo pretende reforçar o seu contingente militar destacado no país vizinho.
"Em breve, isso permitir-nos-á operar com muito mais eficiência nesses territórios. Não tenho dúvidas disso", frisou.
Também esta semana Lavrov tinha referido que ou a Ucrânia cumpre as exigências russas "para sempre" ou o Exército russo tratará de garantir isso.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro e que ainda prossegue, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
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