Líder talibã critica príncipe Harry e acusa-o de "crimes de guerra"

Um alto responsável do regime afegão criticou hoje o príncipe britânico Harry por ter revelado em livro ter abatido 25 talibãs enquanto servia como militar no Afeganistão e acusou-o de protagonizar "crimes de guerra".

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Lusa
06/01/2023 18:07 ‧ 06/01/2023 por Lusa

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Casa Real Britânica

Anas Haqqani, alto responsável do regime talibã, afirmou que, no livro a ser publicado na próxima semana, Harry disse que via os combatentes afegãos como "peças de xadrez" e revela o número exato de pessoas que matou durante as duas missões que efetuou no Afeganistão.

"O meu número é 25. Não é um número que me dê satisfação, mas também não me envergonho disso", escreve Harry, Duque de Sussex, no livro cuja versão em espanhol foi colocada quinta-feira à venda durante algumas horas, antes de ser retirada do mercado.

Harry refere que considerava essas pessoas como "peças de xadrez" retiradas do jogo, tal como fora instruído no treino militar, pois é "impossível", disse, disparar sobre um alvo "se se pensar que é uma pessoa".

"Senhor Harry, aqueles que matou não eram peças de xadrez, eram seres humanos" que tinham famílias, sublinhou Haqqani, que insistiu nas acusações de crimes de guerra.

"Mas, na verdade, é o que diz: o nosso povo inocente era como peças de xadrez para os seus soldados e para os seus líderes militares e políticos. Mas, apesar de tudo, perdeu esse 'jogo'", acrescentou. 

O porta-voz do governo afegão, Bilal Karimi, também criticou Harry.

"Esses crimes não se limitam a Harry, mas a todas as potências ocupantes que cometeram tais crimes no nosso país. Os afegãos nunca esquecerão os crimes dos ocupantes", escreveu Karimi na conta pessoal na rede social Twitter.

Harry serviu durante 10 anos no exército britânico, encerrando a carreira como capitão.

Foi enviado para o Afeganistão por duas vezes, primeiro em 2007 e 2008, período em que foi responsável pela coordenação de ataques aéreos, e novamente em 2012 e 2013, nessa altura como piloto de helicóptero.

Câmaras montadas na frente do helicóptero permitiram avaliar o sucesso das missões e também determinar com precisão quantas pessoas abateu.

Harry justificou as suas ações com os ataques de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, sublinhando acreditar que os inimigos contra os quais lutava no Afeganistão tinham cometido um crime contra a humanidade.

Mas a conta pessoal de Harry nas redes sociais também foi criticada no Reino Unido.

"Nós gostamos muito de si, príncipe Harry, mas deve calar a boca!", escreveu no Twitter Ben McBean, um ex-fuzileiro naval que, em 2008, perdeu um braço e uma perna no Afeganistão e que o duque de Sussex descreve no livro como um "verdadeiro herói".

"Harry agora voltou-se contra a sua outra família, os militares", disse o coronel da reserva Tim Collins, que serviu na guerra do Iraque, em declarações publicadas no portal do exército britânico.

"Não é assim que nos comportamos no exército, não é assim como pensamos", afirmou Collins sobre o relato do príncipe sobre os combatentes que abateu, considerando que o livro é um "golpe trágico para ganhar dinheiro".

Esta não é a primeira vez que o príncipe Harry gera polémica sobre o seu envolvimento em operações no Afeganistão.

Em 2013, Harry afirmou que, para um piloto de helicóptero, matar combatentes rebeldes era como jogar um jogo de vídeo.

Leia Também: Príncipe Harry matou 25 pessoas durante combates no Afeganistão

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