Esmael Maulide Ramos Nangy, de 50 anos, compareceu pela primeira vez hoje no Tribunal de Magistrados de Tembisa, arredores de Joanesburgo.
O suspeito, detido no passado sábado num condomínio de luxo próximo de Pretória com base num mandado de prisão e com pedido de extradição do Governo de Moçambique, foi escoltado por pelo menos cinco agentes policiais altamente armados.
De acordo com a imprensa sul-africana, o pedido de adiamento foi apresentado pelo Ministério Público sul-africano.
O advogado do arguido defendeu a audição do pedido de libertação sob fiança também na próxima segunda-feira.
Segundo o mandado de prisão emitido por um magistrado sul-africano em 18 de julho de 2022, a que a Lusa teve acesso, as autoridades moçambicanas submeteram um pedido de extradição e um mandado de prisão pelo Tribunal Judicial de Maputo contra Esmael Maulide Ramos Nangy, afirmando que é procurado para ir a julgamento por crimes de sequestro e associação criminosa em Moçambique.
No âmbito da lei de extradição sul-africana, o suspeito enfrenta acusações semelhantes de crimes de sequestro, e conspiração, na África do Sul, sendo "uma pessoa suscetível de ser entregue à República de Moçambique", segundo o mandado de prisão sul-africano a que a Lusa teve acesso.
O suposto líder foi preso na noite de sábado por uma equipa especial da polícia sul-africana, que envolveu ainda a unidade de Inteligência Criminal e de Crime Organizado, assim como elementos da Célula de Planeamento Trilateral (TPC) e da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol).
A polícia apreendeu na sua posse uma arma de fogo 9mm licenciada, catorze munições de 9mm, cinco telemóveis, vários cartões bancários de bancos sul-africanos, bem como vários cartões SIM moçambicanos e sul-africanos, segundo a polícia sul-africana.
O TPC é uma estrutura de policiamento que foi criada pelos governos da África do Sul, Moçambique e Tanzânia para combater o crime organizado transnacional na região.
O Governo moçambicano disse hoje esperar uma notificação formal das autoridades sul-africanas neste caso.
"Esperamos que as nossas instituições de justiça sejam notificadas para que possamos dar os passos subsequentes", disse à comunicação social a ministra do Interior moçambicana, Arsénia Massingue.
Segundo a ministra do Interior moçambicana, Esmael Malude Ramos Nangy está entre os suspeitos de organizar a onda de raptos que se tem registado nas capitais provinciais de Moçambique.
"Naturalmente, como os casos não foram todos esclarecidos, foi emitido este mandato de captura internacional e a resposta é esta, a detenção deste cidadão", acrescentou a governante.
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