"Apenas alimenta a sede de vingança". Papa denuncia pena de morte no Irão

O Papa Francisco quebrou hoje o silêncio sobre os protestos no Irão, denunciando o recurso à pena de morte no país depois dos protestos dos últimos meses a exigir "mais respeito pela dignidade das mulheres".

Notícia

© Vatican Media via Vatican Pool/Getty Images

Lusa
09/01/2023 23:30 ‧ 09/01/2023 por Lusa

Mundo

Papa Francisco

"O direito à vida também está ameaçado naqueles lugares onde a pena de morte continua a ser imposta, como é o caso nestes dias no Irão, após as recentes manifestações que exigem mais respeito pela dignidade das mulheres", disse o líder da Igreja Católica, que falava no discurso anual aos embaixadores acreditados no Vaticano.

Destacando os setores de maior preocupação para a Santa Sé, Francisco vinculou a oposição do Vaticano ao aborto à sua relutância à pena de morte, dizendo que ambas são uma violação do direito fundamental à vida, no discurso de política externa que se realiza no início de casa ano.

"A pena de morte não pode ser usada para uma pretensa justiça estatal, uma vez que não constitui um impedimento nem faz justiça às vítimas, mas apenas alimenta a sede vingança", salientou.

Estes comentários do sumo pontífice marcaram as suas primeiras declarações públicas sobre os protestos que eclodiram no Irão em setembro após a morte de Mahsa Amini, de 22 anos, sob custódia da designada "polícia da moralidade".

Mahsa Amini havia sido detida por alegadamente ter violado o rígido código de vestuário da República Islâmica.

Pelo menos quatro pessoas foram executadas desde o início das manifestações, após julgamentos rápidos e à porta fechada -- criticados em todo o mundo.

Também pelo menos 519 pessoas foram mortas nas manifestações, com mais de 19.200 de outras detidas, de acordo com ativistas de direitos humanos no Irão, que monitorizam os protestos desde o começo.

Francisco tem sido cauteloso em não criticar o Governo do Irão, dadas as suas tentativas de promover o diálogo com o mundo muçulmano.

O papa estabeleceu uma relação forte com o imã de Al-Azhar no Cairo, sede do discipulado sunita, mas as tentativas de chegar a um diálogo com o lado xiita foram mais cautelosas, embora tenha realizado uma reunião histórica em 2021 com o principal clérigo no Iraque, o grão-aiatolá Al Sistani, nascido no Irão.

O Irão ainda reagiu aos comentários do líder do Vaticano, embora o líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, hoje em Teerão, tenha pedido uma reação "severa" às manifestações.

Ali Khamenei disse que aqueles que incendiaram locais públicos cometeram "traição sem dúvida" -- um crime que acarreta pena de morte na República Islâmica.

 

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas