Israel condena comentários de Lavrov sobre "solução final" de Hitler

Israel condenou esta quarta-feira as declarações do chefe da diplomacia russa, que acusou o Ocidente, e os Estados Unidos em particular, de pretenderem impor uma "solução final" à Rússia, comparável à imposta pelo regime nazi para exterminar os judeus.

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Lusa
18/01/2023 23:45 ‧ 18/01/2023 por Lusa

Mundo

Ucrânia/Rússia

"O Holocausto foi o momento mais sombrio da história da humanidade e um evento único", sublinhou um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel, em resposta a Serguei Lavrov, citado pelo jornal 'Haaretz'.

Para o porta-voz da diplomacia israelita, "qualquer comparação" dos eventos atuais com o extermínio do povo judeu "distorce a verdade histórica, profana a memória daqueles que morreram, bem como dos sobreviventes, e deve ser fortemente rejeitada".

"Tais comparações são inaceitáveis", concluiu.

O embaixador alemão em Israel, Steffen Seibert, também comentou as declarações de Serguei Lavrov, destacando, através da rede social Twitter, que "não há paralelos entre os crimes únicos da Alemanha nazi e a ajuda ocidental à Ucrânia".

Também a chanceler canadiana, Mélanie Joly, condenou as declarações de Lavrov, apontando que os seus comentários "são totalmente desrespeitosos com as vítimas e sobreviventes do Holocausto".

O chefe da diplomacia russa referiu esta quarta-feira que "à semelhança de Napoleão que mobilizou quase toda a Europa contra o Império russo, como Hitler mobilizou e conquistou a maioria dos países europeus para os lançar contra a União Soviética, hoje os Estados Unidos promoveram uma coligação" contra Moscovo.

Para o ministro russo, cujo país invadiu a Ucrânia há cerca de um ano depois de ter anexado a península da Crimeia em 2014, o objetivo ocidental é semelhante: "A mesma 'solução final' para a questão russa. Tal como Hitler pretendia resolver a questão judia, agora os dirigentes ocidentais (...) dizem sem ambiguidade que a Rússia deve registar uma derrota estratégica", acrescentou.

Assegurou ainda que "esta guerra vai terminar algum dia" e que a Rússia "defenderá a sua verdade", para assinalar que os futuros desenvolvimentos dependerão "das conclusões que a Europa extrair".

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e quase oito milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 7.031 civis mortos e 11.327 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.

Leia Também: "Mais um dia terrível". Zelensky agradece aos que ajudaram em Brovary

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