Yellen é o primeiro funcionário do governo norte-americano a visitar o continente desde que o Presidente, Joe Biden, anunciou durante a Cimeira de Líderes EUA-África, realizada em dezembro, que planeia visitar África ainda este ano, assim como a vice-presidente, Kamala Harris, a primeira-dama, Jill Biden, e vários secretários da administração.
A deslocação de Yellen inclui uma incubadora de negócios para empreendedores no Senegal, locais agrícolas na Zâmbia, e compreende ainda a visita a um parque de vida selvagem e à fábrica da Ford na África do Sul, em que cada paragem é projetada para dar relevo a áreas de cooperação EUA-África.
Além da visita a empreendimentos, Yellen manterá reuniões de trabalho com altos funcionários africanos.
Yellen chegou a Dacar no final da quarta-feira, mas inicia apenas na sexta-feira a sua agenda pública de visitas e contactos.
Na incubadora de empresas, na sexta-feira, Yellen pretende enfatizar que África, com a sua crescente classe média, "vai moldar a trajetória da economia mundial no próximo século", oferecendo oportunidades importantes para os Estados Unidos.~
"Isso pode ser uma vitória para as nossas economias", dirá Yellen, de acordo com excertos dos seus comentários hoje divulgados.
A África continental representará um quarto da população mundial em 2050 e é rica em recursos naturais e o crescente envolvimento económico da China no continente também é motivo para os EUA aprofundarem os seus laços.
Antes de viajar para África, Yellen reuniu-se na quarta-feira com o seu homólogo chinês, Liu He, na Suíça, como parte de um esforço para aliviar as tensões com a superpotência asiática.
O seu trabalho no circuito dos mais de 20.000 quilómetros que percorrerá desde Washington até Zurique, Dacar, Lusaca, Pretória e de regresso aos Estados Unidos é contactar líderes africanos e apresentar oportunidades de investimento para empresas norte-americanas.
A estratégia da Casa Branca para a África subsaariana levanta preocupações sobre o envolvimento da China na região, considerando que Pequim "vê a região como uma arena importante para desafiar a ordem internacional baseada em regras, promover os seus próprios interesses comerciais e geopolíticos, minar a transparência e abertura e enfraquecer as relações dos EUA com os povos e governos africanos".
A passagem de Yellen na Zâmbia servirá para destacar a enorme dívida do país com a China, seu maior credor.
A Zâmbia está a renegociar a dívida de quase 6 mil milhões de dólares (5,5 mil milhões de euros), e Yellen criticou o fracasso da China em avançar nas negociações.
A governante norte-americana disse em dezembro que é imperativo encontrar uma solução para o problema da dívida da Zâmbia "o mais rápido possível".
África detém 30% dos minerais mais importantes que preenchem as necessidades do mundo moderno, incluindo 40% da produção de ouro à escala mundial, até 90% de crómio e platina, e as maiores reservas de cobalto, diamantes, platina e urânio do mundo, de acordo com Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.
Rama Yade, diretor sénior do Centro África do Atlantic Council, escreveu esta semana que se pode acreditar na administração Biden quando diz que não quer transformar o continente africano num palco de competição das grandes potências.
"África não terá que escolher entre potenciais parceiros", disse Yade.
"Se conseguir recuperar o terreno perdido e construir sobre o que começou com a cimeira de dezembro, os Estados Unidos e a África prosperarão", concluiu.
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