Encerramento de escolas na Nigéria durante o Ramadão suscita controvérsia

Quatro estados maioritariamente muçulmanos do norte da Nigéria ordenaram o encerramento das escolas durante o Ramadão, o mês sagrado de jejum no Islão, provocando a indignação dos cristãos e dos sindicatos da educação.

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© OLYMPIA DE MAISMONT/AFP via Getty Images

Lusa
03/03/2025 14:54 ‧ há 5 horas por Lusa

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Nigéria

A decisão, invulgar, das autoridades dos Estados de Kano, Katsina, Bauchi e Kebbi levou ao encerramento das escolas primárias e secundárias na semana passada para permitir que os alunos passassem o Ramadão em casa, interrompendo assim o calendário académico.

 

O encerramento das escolas suscitou fortes críticas por parte da Associação Nacional de Estudantes Nigerianos (NANS, na sigla em inglês) e da Associação Cristã da Nigéria (CAN), que ameaçaram intentar ações judiciais contra os governos dos quatro Estados.

A NANS afirmou que "condena veementemente a recente diretiva dos governadores dos Estados de Bauchi, Katsina, Kano e Kebbi de encerrar as escolas durante o mês sagrado do Ramadão", num comunicado divulgado hoje.

A associação disse estar preparada para realizar protestos a nível nacional se os quatro estados não reverterem o encerramento das escolas no prazo de 72 horas.

A decisão "prejudica o progresso académico dos estudantes, perturba a sua aprendizagem e visa injustamente os estudantes não muçulmanos, sujeitando-os a uma discriminação indevida", lê-se no comunicado.

O presidente da CAN, Daniel Okoh, sustenta, por seu lado, que a educação dos alunos e a unidade dos Estados foi posta em causa.

"Se estes direitos continuarem a ser ameaçados ou se o diálogo falhar, a CAN está preparada para intentar uma ação judicial", afirmou Okoh, num comunicado emitido no domingo.

Numa declaração emitida na quinta-feira, Aminu Usman, chefe da força policial islâmica de Kano, a Hisbah, apelou às escolas públicas para que cumprissem a ordem, declarando que qualquer infração "não seria tolerada".

Dois dias antes, o Ministério da Educação de Kano ordenou que todas as escolas públicas encerrassem em 28 de fevereiro e reabrissem em 07 de abril a fim de concluir o período letivo.

A oposição da CAN ao encerramento das escolas durante o Ramadão põe em evidência as tensões religiosas subjacentes no país mais populoso de África, com uma população de 220 milhões de habitantes, predominantemente muçulmana no norte e cristã no sul.

Os quatro Estados em causa não reagiram à controvérsia em torno do encerramento das escolas.

Leia Também: Presidente da Nigéria assegura que fim da crise económica está próximo

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