A decisão, invulgar, das autoridades dos Estados de Kano, Katsina, Bauchi e Kebbi levou ao encerramento das escolas primárias e secundárias na semana passada para permitir que os alunos passassem o Ramadão em casa, interrompendo assim o calendário académico.
O encerramento das escolas suscitou fortes críticas por parte da Associação Nacional de Estudantes Nigerianos (NANS, na sigla em inglês) e da Associação Cristã da Nigéria (CAN), que ameaçaram intentar ações judiciais contra os governos dos quatro Estados.
A NANS afirmou que "condena veementemente a recente diretiva dos governadores dos Estados de Bauchi, Katsina, Kano e Kebbi de encerrar as escolas durante o mês sagrado do Ramadão", num comunicado divulgado hoje.
A associação disse estar preparada para realizar protestos a nível nacional se os quatro estados não reverterem o encerramento das escolas no prazo de 72 horas.
A decisão "prejudica o progresso académico dos estudantes, perturba a sua aprendizagem e visa injustamente os estudantes não muçulmanos, sujeitando-os a uma discriminação indevida", lê-se no comunicado.
O presidente da CAN, Daniel Okoh, sustenta, por seu lado, que a educação dos alunos e a unidade dos Estados foi posta em causa.
"Se estes direitos continuarem a ser ameaçados ou se o diálogo falhar, a CAN está preparada para intentar uma ação judicial", afirmou Okoh, num comunicado emitido no domingo.
Numa declaração emitida na quinta-feira, Aminu Usman, chefe da força policial islâmica de Kano, a Hisbah, apelou às escolas públicas para que cumprissem a ordem, declarando que qualquer infração "não seria tolerada".
Dois dias antes, o Ministério da Educação de Kano ordenou que todas as escolas públicas encerrassem em 28 de fevereiro e reabrissem em 07 de abril a fim de concluir o período letivo.
A oposição da CAN ao encerramento das escolas durante o Ramadão põe em evidência as tensões religiosas subjacentes no país mais populoso de África, com uma população de 220 milhões de habitantes, predominantemente muçulmana no norte e cristã no sul.
Os quatro Estados em causa não reagiram à controvérsia em torno do encerramento das escolas.
Leia Também: Presidente da Nigéria assegura que fim da crise económica está próximo