"Temos de falar o mais rapidamente possível porque o tempo está a esgotar-se. A quantidade de urânio enriquecido a 60% está a aumentar muito, muito rapidamente [no Irão]", alertou o chefe da agência nuclear da ONU, citado pela agência espanhola EFE.
No último relatório técnico, publicado na semana passada, a agência denunciou que o Irão multiplicou nos últimos meses a produção de urânio altamente enriquecido até 60%, um nível muito próximo do necessário para fabricar bombas atómicas.
Segundo Grossi, a AIEA precisa agora de "conversações substantivas, tangíveis e concretas" sobre os diferentes aspetos do programa nuclear iraniano, embora tenha admitido que tudo é influenciado pelas considerações da administração de Donald Trump nos Estados Unidos.
"Uma declaração importante do Presidente Trump foi quando disse que quer ter algum tipo de acordo", referiu Grossi numa conferência de imprensa no início da reunião de primavera do Conselho de Governadores da AIEA, o órgão executivo da agência com sede em Viena.
"A minha esperança é que possamos ter uma verdadeira conversa e obter respostas, para iniciar as interações que nos farão realmente avançar", acrescentou.
Grossi confirmou que estava em contacto permanente com o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araqchi, embora tenha reconhecido que não estava prevista qualquer visita a Teerão.
"Temos de deixar de falar de processos e começar a obter respostas o mais rapidamente possível", concluiu Grossi, referindo-se a processos anteriores entre o Irão e a AIEA que nunca conduziram a resultados concretos.
A AIEA exige há anos mais cooperação do Irão para poder elaborar um relatório exaustivo sobre a natureza pacífica do programa nuclear da República Islâmica.
O Conselho de Governadores da AIEA, o primeiro desde a tomada de posse de Donald Trump nos Estados Unidos, está marcado pela disputa sobre o programa nuclear iraniano.
Ao contrário da reunião anterior, em novembro passado, desta vez não está prevista nenhuma resolução do conselho contra o Irão.
O Irão e seis potências nucleares assinaram um pacto nuclear em 2015 que limitava o programa nuclear iraniano em troca do levantamento das sanções contra o país.
Trump abandonou o acordo unilateralmente em 2018 e voltou a impor medidas económicas coercivas contra Teerão.
Depois de regressar ao poder em janeiro, Trump disse que quer negociar um acordo com Teerão e que há duas opções para impedir que o Irão obtenha uma arma nuclear: um novo acordo ou bombardear o país.
Teerão recusou no final de fevereiro qualquer negociação direta com os Estados Unidos no contexto de "pressão máxima" que disse que estava a ser exercida por Trump sobre o programa nuclear iraniano.
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