A justiça sueca condenou na quinta-feira a prisão perpétua um homem, enquanto o seu irmão foi sentenciado a nove anos e dez meses, por espiarem para a Rússia e para seu serviço de informações militar, GRU, durante uma década.
Este caso foi descrito como o maior escândalo de espionagem na história sueca recente, um sinal de infiltração da espionagem russa no coração da secreta sueca.
"Os irmãos, de forma conjunta e concertada, sem autorização e com o objetivo de servir a Rússia e o GRU, adquiriram, transmitiram e divulgaram informações cuja divulgação a uma potência estrangeira pode afetar a segurança da Suécia", defendeu o tribunal.
O irmão mais velho, Peyman Kia, de 42 anos, um ex-agente de informações sueco, estava a ser julgado por recolher informações sigilosas, que o irmão mais novo entregou ao GRU, entre 2011 e 2021.
Durante este período, o principal arguido serviu nas forças de segurança suecas, Säpo, bem como na secreta militar.
Numa lista reunida pela agência France Presse, há, porém muitos outros casos tornados públicos na Europa e que envolvem um cidadão português.
Um funcionário do Serviço de Informações de Segurança (SIS) foi condenado em fevereiro de 2018 a sete anos e quatro meses de prisão por espionagem para a Rússia.
Frederico Carvalhão Gil tinha sido detido no ano anterior em Roma na companhia de um colaborador dos serviços secretos russos, Sergei Pozdniakov, a quem teria vendido documentos confidenciais, nomeadamente sobre a segurança da União Europeia e da NATO.
O caso é semelhante ao de um oficial da marinha italiana, que foi detetado em março de 2021 por atos de espionagem e detido junto de um oficial russo a quem entregava documentos "secretos".
No mesmo ano, em 19 de março, a Bulgária anunciou um "caso sem precedentes" na sua história recente, com a prisão de seis pessoas suspeitas de espionagem para Moscovo, incluindo vários elementos do Ministério da Defesa.
Os suspeitos são acusados de terem fornecido informações sigilosas a um alegado chefe da rede e antigo quadro dos serviços de informações, com quem se encontravam em locais públicos, nomeadamente em jogos de ténis.
Seria a mulher do suposto líder da rede, de dupla nacionalidade russa e búlgara, que desempenhava o papel de intermediária com Moscovo, segundo a acusação.
A lista prossegue na Áustria, onde um coronel na reserva foi condenado a três anos de prisão em junho de 2020, por ter transmitido, entre 1992 e 2018, informações sobre o sistema de armamento austríaco e o organigrama das forças armadas, em troca de 280 mil euros.
A contraespionagem polaca prendeu, por sua vez, em março de 2018, um funcionário do Governo, que acabou por ser condenado a três anos de prisão por ter fornecido à Rússia informações sobre a posição do seu país em relação ao gasoduto Nord Stream 2, ligando a Rússia à Alemanha.
Bela Kovacs, ex-deputado húngaro de extrema-direita (2010-2019), foi igualmente foi condenada a cinco anos de prisão em setembro de 2022 por atos de espionagem entre 2012 e 2014 contra as instituições da União Europeia em favor da Rússia.
O homem de 62 anos rejeitou as acusações e acompanhou o caso em Moscovo, para onde fugiu, após seu julgamento em primeira instância em 2020.
Outro ex-deputado, este moldavo, foi preso em março de 2017, acusado de ter sido recrutado pela secreta militar russa e de ter fornecido em 2016 e 2017 informações "que poderiam ser usadas contra os interesses da Moldova". Iurie Bolboceanu foi condenado em março de 2018 a 14 anos de prisão por "alta traição".
O elenco de condenações prossegue na Letónia e, ao contrário de outros casos, este não envolve um alto quadro ou funcionário institucional, mas um mero ferroviário, condenado em maio de 2018 a 18 meses de prisão por ter transmitido informações classificadas para a Rússia.
Também nos Bálticos, dois cidadãos da Estónia enfrentaram igualmente a justiça por espionagem.
Ilya Tikhanovski, um profissional de tecnologias de informação, foi condenado a quatro anos de prisão em abril de 2018 por passar informações de segurança nacional para os serviços militares russos.
Em outubro de 2017, Albert Provornikov, cidadão estónio e russo, foi também condenado a três anos de prisão por fornecer ao Serviço Federal de Segurança da Rússia informações sobre a polícia e postos de guarda de fronteira no sul da Estónia.
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