O apelo foi feito pela organização internacional de defesa dos direitos humanos em comunicado divulgado a propósito da visita do Presidente egípcio, Abdelfatah al-Sissi, à Índia, na qual os dois países concordaram em elevar as suas relações bilaterais à categoria de aliança estratégica e sublinharam a necessidade de combater o terrorismo.
"As atuais crises de direitos humanos na Índia e no Egito são caracterizadas por impunidade enraizada e pelo uso indevido das leis antiterrorismo para sufocar o espaço cívico e a dissidência pacífica", apontou o diretor de Investigação e Defesa para o Médio Oriente e norte de África da Amnistia Internacional (AI), Philip Luther.
O responsável da organização alertou também que "os países mostram semelhanças surpreendentes nas suas tentativas de assediar e intimidar para silenciar todos os críticos e opositores do governo" e defendeu que "estes ataques implacáveis aos direitos humanos têm de acabar".
Segundo a AI, tanto no Egito como na Índia, os defensores de direitos humanos, advogados, opositores políticos, manifestantes pacíficos, académicos e estudantes "enfrentam prisões e detenções arbitrárias, julgamentos injustos e outras hostilidades e formas de intimidação aplicadas apenas por exercerem pacificamente os seus direitos".
Entre os "milhares de pessoas que são presas injustamente" contam-se o ativista egípcio-britânico pró-democracia Alaa Abdelfatah, "que passou a maior parte da última década atrás das grades", e 16 ativistas indianos da cidade ocidental de Bhima Koregaon, "presos desde 2018 com acusações falsas" no âmbito de "uma lei antiterrorista draconiana", afirmou Philip Luther.
No comunicado, a organização condena ainda os crescentes ataques à liberdade de imprensa no Egito e na Índia e os julgamentos contra jornalistas e ativistas nas redes sociais que criticam os governos dos dois países, referindo terem sido feitas "falsas acusações de terrorismo" e "buscas e apreensões" a meios de comunicação.
A AI acusa também o Cairo e Nova Deli de não protegerem as minorias, cristãos coptas no caso do Egito e cristãos e muçulmanos na Índia, contra a violência religiosa que afeta as duas comunidades.
"A Índia e o Egito parecem ter elevado a sua cooperação bilateral de longa data a um nível diferente, onde partilham táticas para suprimir cada vez mais direitos e liberdades", disse o presidente do conselho da AI na Índia, Aakar Patel.
Os dois países "devem inverter o rumo, a começar pela libertação imediata e incondicional de todos as pessoas que foram detidos arbitrariamente (...), por garantir um ambiente seguro para as minorias religiosas e permitir um ambiente livre de represálias aos meios de comunicação e à sociedade civil", concluiu.
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