"No despacho emitido esta tarde, a Câmara do Conselho confirmou a detenção preventiva de F.G. e N.F-T", refere o Ministério Público belga em comunicado, identificando pelas iniciais Francesco Giorgi e o lobista italiano Nicolo Figa-Talamanca, dois dos quatro detidos na Bélgica no âmbito da investigação do caso 'Qatargate'.
A defesa de Giorgi, liderada pelo advogado Pierre Monville, evitou fazer declarações no final da audiência, realizada à porta fechada no Palácio da Justiça em Bruxelas, limitando-se um membro da equipa de advogados a dizer que "a situação é complicada".
Na passada sexta-feira, a Justiça belga também recusou a liberdade provisória a Kaili, visada por acusações idênticas e detida na prisão feminina belga de Haren.
A agora eurodeputada não-inscrita Eva Kaili foi afastada da vice-presidência do Parlamento Europeu em 13 de dezembro, no contexto deste escândalo de alegada corrupção em favor dos interesses do Qatar (mas também implicando Marrocos e a Mauritânia) junto das instituições europeias.
Kaili foi igualmente suspensa e posteriormente expulsa do grupo parlamentar dos Socialistas e Democratas (S&D).
Em Itália, por outro lado, um tribunal de Brescia ordenou hoje a libertação da mulher e da filha do ex-eurodeputado italiano Pier Antonio Panzeri, outra figura central do 'Qatargate' e também detido na Bélgica, que estavam em prisão domiciliária, depois de as autoridades belgas terem retirado um pedido de extradição.
"Obviamente estão felizes, porque agora estão livres, mas a nível psicológico ficaram traumatizadas pela situação que enfrentaram", afirmou o seu advogado, Angelo De Riso.
A investigação deste caso conduzida pelas autoridades belgas permitiu a apreensão de malas com dinheiro no total de 1,5 milhões de euros e os quatro detidos em território belga foram indiciados pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e participação numa organização criminosa.
Pier Antonio Panzeri, detido desde o início de dezembro, começou a cooperar com os procuradores belgas, em troca de uma redução de pena.
Além dos quatro acusados, a Justiça belga pediu que seja retirada a imunidade parlamentar a outros dois eurodeputados, o belga Marc Tarabella e o italiano Andrea Cozzolino, um processo que está em curso.
Este último antecipou-se e indicou que está disposto a renunciar à sua imunidade judicial, anunciaram esta semana os seus advogados à comissão de justiça do Parlamento Europeu.
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