Um centro de investigação britânico descobriu, no passado dia 20 de janeiro, uma nova colónia de pinguins-imperadores numa das zonas mais remotas da Antártida.
O local foi descoberto com recurso a imagens de satélite - que tem sido, aliás, uma ferramenta importante na identificação de grupos da espécie, por esta viver nas áreas mais recônditas e inacessíveis do continente gelado.
Segundo o British Antarctic Survey, a instituição que gere os interesses do Reino Unido na Antártica, a nova colónia é composta por cerca de 500 aves.
É a 66.ª colónia de pinguins-imperadores conhecida pelos cientistas - e mais de metade foi catalogada graças a imagens de satélite.
Scientists have discovered a new emperor penguin colony at Vergler Point, Antarctica
— British Antarctic Survey (@BAS_News) January 20, 2023
They used satellite mapping technology to spot the penguins and their guano - visible in this amazing aerial image.
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O cientista Peter Fretwell, que liderou a investigação, não escondeu o seu entusiasmo com a descoberta, em declarações ao Guardian, mas vincou que o tamanho do grupo é um sinal claro das dificuldades trazidas pelas alterações climáticas.
"Como muitos dos locais recentemente descobertos, esta colónia é pequena e fica numa região muito afetada pelo recente degelo", disse.
Fretwell salienta ainda que o impacto das alterações climáticas já levou à morte de algumas colónias, estudadas desde os anos 40. "A maioria dos pinguins-imperadores nunca verá um humano na sua vida, mas o que estamos a fazer do outro lado do mundo está a matá-los lentamente", afirmou.
A questão das alterações climáticas e do aquecimento dos polos é particularmente danosa para os pinguins-imperadores, que são a única espécie deste tipo de animais que procria no gelo, e não na terra, além de habitarem em regiões tão inóspitas que a temperatura pode atingir os 60 graus negativos.
Os animais precisam de gelo entre os meses de abril e de setembro, para que as crias tenham tempo de crescer. Sem gelo, as aves mais pequenas e ainda em fase de crescimento podem cair à água e morrer.
Além disso, o tamanho das colónias é muito importante para a sua sobrevivência, já que os pinguins sobrevivem ao gelo dormindo encostados uns nos outros, ficando assim protegidos das intensas tempestades de inverno.
O mesmo jornal explica que os cientistas têm utilizado as fezes de pinguim, que contrastam significativamente com o gelo nas imagens de satélite, para encontrar novas colónias. A última colónia foi descoberta no ocidente do continente, graças a imagens capturadas por um satélite da Comissão Europeia, o Copernicus Sentinel-2.
O cientista acrescenta que pouco pode ser feito em termos locais para reverter a situação, sendo que o centro prevê que 90% das colónias conhecidas terão desaparecido até ao final do século, tendo em conta o ritmo atual do degelo na Antártida. Peter Fretwell pede, assim, que o mundo se una em reduzir as emissões de carbono.
"Podemos tentar proteger as áreas dos pinguins ao proibir a pesca mas, na verdade, isto é um problema global e não pode ser olhado a uma escala local", reiterou.
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