"Suicídio nuclear?" Os objetivos de Putin, segundo ex-ministro russo

O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia afirmou que Putin "sonha em intimidar e humilhar com sucesso o Ocidente" e que esse "é o seu objetivo estratégico".

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Notícias ao Minuto
03/02/2023 17:52 ‧ 03/02/2023 por Notícias ao Minuto

Mundo

Guerra na Ucrânia

Andrei Kozyrev, o primeiro ministro dos Negócios Estrangeiros da Federação Russa após a dissolução da União Soviética, considerou, esta sexta-feira, que o presidente russo, Vladimir Putin, sabe que “desencadear uma guerra nuclear é suicida”, mas tem como objetivo "intimidar e humilhar" o Ocidente.

Numa série de publicações na rede social Twitter, o ex-ministro lembrou que, tal como ele próprio, Putin fez parte dos antigos serviços secretos russos - KGB - e, por isso, “sabe que após a crise dos mísseis cubanos, o Kremlin abandonou a doutrina ilusória de ganhar uma guerra nuclear”

“[Putin] Herdou a realidade de uma destruição mútua em caso de conflito nuclear. Não mudou. Portanto, desencadear uma guerra nuclear é suicida. Mas ameaçá-la não é”, considerou Koryzev, que foi ministro entre 1990 e 1996, durante a presidência de Boris Yeltsin.

O ex-ministro citou uma série de conflitos entre Washington e Moscovo e, que “após muitas ameaças”, o Kremlin “concordou em negociar e proibir” as armas nucleares. 

No entanto, em 2014, o presidente russo “anexou a Crimeia, parte de um país europeu,” e deu início a uma “guerra híbrida”. “Recordou ao Ocidente o seu arsenal nuclear e, de um modo geral, escapou à agressão”, escreveu.

“O apetite vem com a comida, como diz o ditado russo. Há quase um ano que Putin invadiu e começou a destruir a Ucrânia. Duplicou as ameaças nucleares e os bombardeamentos de longa distância a cidades e infraestruturas ucranianas”, disse ainda.

Lembrando que o Ocidente se recusa a enviar mísseis de longo alcance e caças para a Ucrânia, Kozyrev afirmou que Putin “ataca de longe com impunidade” até “a Ucrânia sangrar até à exaustão”. 

“Putin não quer cometer suicídio nuclear, mas sonha em intimidar e humilhar com sucesso o Ocidente, em contraste com os seus antecessores soviéticos. Esse é o seu objetivo estratégico, e não apenas a conquista da Ucrânia, que seria o primeiro passo para a grandeza”, considerou.

Andrei Kozyrev tem sido um crítico ativo da invasão russa da Ucrânia. Dias após o início da guerra, afirmou que a ação da Rússia era um “ato bárbaro” e que nunca poderia imaginar um acontecimento semelhante quando era ministro dos Negócios Estrangeiros. Antes, havia pedido aos diplomatas russos para se demitirem dos seus cargos como forma de protesto. 

Leia Também: UE e Kyiv unidos entre apoio militar e obrigar a Rússia a pagar

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