Em declarações à chegada ao quartel-general da NATO, em Bruxelas, para participar numa reunião do Grupo de Contacto para a Defesa da Ucrânia, que antecede uma reunião de ministros da Defesa da Aliança Atlântica, o Alto Representante da UE para a Política Externa defendeu que o Mecanismo Europeu de Apoio à Paz, através do qual os Estados-membros têm prestado assistência militar à Ucrânia, pode ser utilizado para fornecer a Kyiv as munições de que as forças armadas ucranianas necessitam.
Questionado sobre a ideia de um mecanismo de aquisição conjunta de munições, Borrell lembrou que, através do Mecanismo de Apoio à Paz já têm sido providenciados fundos aos Estados-membros para a aquisição e fornecimento de armamento a países parceiros e afirmou-se convicto de que este instrumento "poderia perfeitamente ser usado da forma que se entender mais adequada", incluindo para a aquisição de munições, até porque se trata de "um fundo intergovernamental", e não comunitário.
"Vou apresentar propostas aos ministros dos Negócios Estrangeiros [da UE] na segunda-feira", 20 de fevereiro, por ocasião de um Conselho em Bruxelas, disse então, escusando-se a revelar o teor das propostas.
Relativamente à reunião desta terça-feira do Grupo de Contacto para a Ucrânia, liderado pelos Estados Unidos, Josep Borrell disse que a principal questão sobre a mesa é a coordenação dos esforços para continuar a apoiar a Ucrânia.
"Todos vão apresentar as suas propostas e eu certo de que, entre todos nós, vamos continuar a providenciar um forte apoio militar à Ucrânia. Esta agressão da Rússia é brutal, os ataques russos continuam contra todas e quaisquer infraestruturas civis, com muitas vítimas. Infelizmente, não há qualquer sinal de que a Rússia queira parar esta guerra, pelo que temos de continuar a apoiar a Ucrânia e vamos fazê-lo", disse.
Questionado sobre a possibilidade de serem fornecidos caças de combate à Ucrânia, tal como Kyiv tem insistentemente pedido, Borrell limitou-se a responder: "vamos ver".
Numa conferência de imprensa na segunda-feira para projetar as reuniões de hoje, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, admitiu que a Aliança enfrenta uma "corrida contra o tempo" no envio de apoio militar suplementar à Ucrânia para permitir às forças ucranianas fazerem face às novas ofensivas da Rússia.
Stoltenberg alertou que, "quase um ano após a invasão, o Presidente [Vladimir] Putin não está a preparar-se para a paz, mas sim para lançar novas ofensivas", razão pela qual os Aliados devem "continuar a fornecer à Ucrânia o que precisa para vencer e para alcançar uma paz justa e sustentável".
Apontando que o ministro da Defesa da Ucrânia, Oleksii Reznikov, participará na reunião do grupo de contacto para a Ucrânia, o secretário-geral da NATO disse que, em conjunto, irão ser abordadas "as necessidades urgentes da Ucrânia", antecipando desde já algumas delas.
"É evidente que estamos numa corrida contra o tempo em termos de capacidades logísticas essenciais, como munições, combustível e peças sobressalentes, que têm de chegar à Ucrânia antes que a Rússia possa tomar a iniciativa no campo de batalha. A velocidade salvará vidas. Cada dia conta", assumiu.
Relativamente a munições, notou que "a guerra na Ucrânia está a consumir uma enorme quantidade de munições e a esgotar os 'stocks' dos Aliados", sendo que "a taxa atual das despesas com munições na Ucrânia é muitas vezes superior à taxa de produção atual" da NATO, o que coloca as indústrias de defesa dos Aliados "sob pressão", pelo que há que aumentar a produção, outra matéria que será discutida pelos ministros da Defesa.
Portugal é representado nas reuniões de hoje da NATO pela ministra da Defesa, Helena Carreiras.
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