Diplomata da Ucrânia na UE alerta para "apagão" e pede munições
O coordenador da missão da Ucrânia junto da União Europeia afirmou hoje que os ataques russo contra instalações elétricas estão perto de provocar um "apagão", urgindo auxílio e a adoção do plano da Estónia para a produção de munições.
© Lusa
Mundo Ucrânia
"Precisamos de novas soluções para conseguirmos mais armamento e munições e, neste contexto, apoiamos a iniciativa da Estónia para que seja aplicado um mecanismo financeiro capaz de acelerar a produção de munições", disse Chentsov Vsevolod durante um debate em Estrasburgo sobre a invasão da Ucrânia.
O encontro sobre "um ano de guerra contra a Ucrânia" contou com as presenças do presidente da Comissão dos Assuntos Externos do Parlamento Europeu, o alemão David Mcallister e da francesa Nathalie Loiseau, presidente da Subcomissão da Segurança e da Defesa.
De acordo com o diplomata ucraniano, é urgente para Kiev a aprovação do programa de fabrico das munições padrão usadas pela artilharia dos países da Aliança Atlântica (calibre 155 milímetros).
"O objetivo, pelo que sei, é a produção um milhão de munições de 155 milímetros nos próximos seis meses e, para isso, são precisos grandes recursos. Estamos a falar de muitos milhões de euros e seria satisfatório que esta medida venha a ser adotada, na próxima reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia, na próxima semana", afirmou.
Chentsov Vsevolod alertou que, nesta altura, os ataques contra instalações elétricas estão a colocar zonas da Ucrânia numa situação "próxima do 'black out' ('apagão')", insistindo no abastecimento de armas capazes de fazer frente à última ofensiva desencadeada pela Rússia em fevereiro do ano passado.
Por outro lado, o coordenador da missão ucraniana junto da UE, urgiu a adoção do novo pacote de sanções e "que tenha capacidade para atingir fortemente" a economia da Rússia em setores como a energia nuclear.
"O que se passa na central de Zaporijia (central ucraniana ocupada pelas forças russas) é inaceitável. A mensagem ao setor industrial russo tem de ser clara", disse Vsevolod.
O Parlamento Europeu vai votar hoje uma resolução sobre a Ucrânia e que tem o apoio dos eurodeputados do PPE dos Socialistas e Democratas, dos Conservadores e Reformistas e dos Verdes.
"Alguns aspetos têm de ser fortalecidos", disse David Mcallister (PPE, Alemanha), presidente da Comissão dos Assuntos Externos do Parlamento Europeu
"Pedimos à Comissão Europeia e aos Estados membros, no caso de se reunirem as condições, para se iniciarem as negociações com Kiev ainda este ano", afirmou, referindo-se ao processo de integração da Ucrânia no mercado europeu.
Macallister disse ainda que a resolução prevê o estabelecimento de um tribunal especial sobre crimes cometidos "por Vladimir Putin e os líderes militares russos", referindo a necessidade de implementação de novas sanções contra os países que ainda mantêm relações comerciais com Moscovo.
O membro do Partido Popular Europeu frisou que o novo pacote de sanções (ponto 21) deve ser aplicado contra a Bielorrússia e outros países que apoiam a Rússia do ponto de vista militar como o Irão e a Coreia do Norte tendo-se referido ao fornecimento de tecnologia da República Popular da China ao governo russo e "aos terceiros países" que têm relações com Moscovo.
"Temos de garantir que o gás do Azerbaijão, por exemplo, não seja importado pela Rússia", afirmou, referindo-se a "terceiros países" que estão a contornar as medidas e que devem ser sancionados.
A francesa Nathalie Loiseau, presidente da Subcomissão da Segurança e da Defesa disse que a União Europeia "não está em guerra com a Rússia" nem a enviar tropas para a Ucrânia mas insistiu na adoção de medidas de apoio no setor da indústria da defesa nos países da União Europeia.
"Precisamos de fazer mais no setor da indústria de defesa e acelerar a produção e a entrega de armas e de munições e, para isso, têm de ser incrementados mais incentivos. Estamos a trabalhar diretamente em alguns estados membros no sentido de encorajarmos as instituições bancárias no financiamento da indústria da defesa", disse Loiseau tendo sido apoiada pelo eurodeputado alemão.
O debate em Estrasburgo prolongou-se num outro painel que tratou dos aspetos adotados para o minimizar o impacto da guerra na economia da União Europeia, nomeadamente no setor energético.
Participaram o presidente da Comissão da Indústria, da Investigação e da Energia, Cristian-Silviu Busoi (PPE, Roménia) a eurodeputada portuguesa Margarida Marques (Socialistas e Democratas), vice-presidente da Comissão dos Orçamentos.
"Uma das prioridades é integrar Portugal e Espanha no mercado europeu de energia. Isto é uma prioridade e é por isso que as interconexões são muito importantes", disse Margarida Marques, referindo-se às medidas económicas que devem ser aplicadas para mitigar os efeitos da guerra.
A eurodeputada defendeu também especial atenção aos orçamentos para apoio prestado dos países europeus aos refugiados de guerra ucranianos.
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