Sánchez pretende passar por cerca de 15 capitais europeias até julho, antes de Espanha assumir a presidência do Conselho da União Europeia (UE) e a ronda pela Irlanda, Dinamarca e Finlândia, na quinta e na sexta-feira, segue-se à primeira ronda que já fez com os mesmos objetivos, pela Áustria, Eslovénia e Croácia em 17 e 18 de fevereiro.
Fontes da presidência do Governo espanhol disseram hoje que ainda não há calendário para as novas visitas, mas que a próxima ronda, em finais deste mês, deverá incluir Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo.
No caso de Portugal, as mesmas fontes confirmaram hoje à Lusa que está prevista uma cimeira bilateral em 14 e 15 de março, numa antecipação de vários meses dos encontros ibéricos anuais, que costumam realizar-se perto do final do ano.
A última cimeira ibérica foi em Viana do Castelo, em novembro passado.
Segundo as fontes do Governo espanhol, o objetivo destas deslocações de Sánchez é apresentar aos homólogos as prioridades da presidência espanhola do Conselho da UE e ouvir aquilo que defendem os outros Governos sobre alguns dossiês da agenda europeia, como as negociações para um pacto de migração e asilo ou o fortalecimento da "autonomia estratégica" da União.
Em relação a este último tema, Espanha tem como objetivo dar um impulso ao debate, relacionado com a diminuição da dependência energética ou a reindustrialização, por exemplo, e esse será um dos assuntos centrais de uma cimeira dos líderes dos 27 que terá lugar na cidade de Granada, em 06 de outubro.
O próprio Sánchez afirmou em 20 de fevereiro que Espanha vai definir a transição energética como prioridade da presidência espanhola e considerou que a guerra na Ucrânia deve acelerar esse processo.
O líder do Governo espanhol defendeu que é um "tremendo erro" afirmar que a crise energética atual, desencadeada pela guerra, é motivo para adiar ou abrandar a transição para uma economia menos poluente, apostando em fontes de energia renováveis e limpas.
Para Sánchez, é precisamente o oposto e a situação de emergência criada pela guerra, que sublinhou a dependência europeia em relação ao gás russo, deve fazer a Europa "avançar com mais determinação do que nunca" na transição energética e a UE deve "aproveitar a conjuntura tão complexa atual", do ponto de vista geopolítico, para "ir mais depressa e mais longe" nesta matéria.
Sánchez acrescentou estar em causa a "autonomia estratégica da Europa", de que se tem falado nos últimos anos, por causa da pandemia de covid-19 e da guerra na Ucrânia, e que está relacionada, por exemplo, com a reindustrialização da UE e a geração de energia no continente, para diminuir a dependência, em diversas áreas de abastecimento, de países como a China ou a Rússia.
Durante a presidência espanhola, haverá na véspera da cimeira de Granada, no dia 05 de outubro, na mesma cidade, um encontro dos líderes da UE com outros países europeus que não fazem parte da União.
A já anunciada cimeira UE-América Latina será em Bruxelas, em 17 e 18 de julho.
Espanha pretende ainda organizar um encontro entre os países europeus e a designada "vizinhança sul" da UE, que engloba estados africanos e outros do Mediterrâneo.
A continuidade do apoio da Europa à Ucrânia é outro dos temas que Sánchez tem na agenda da preparação da presidência espanhola.
Na Irlanda, Dinamarca e Finlândia, Sánchez vai encontrar-se com o homólogo irlandês, Leo Varadkar, e com as primeiras-ministras dinamarquesa, Mette Frederiksen, e finlandesa, Sanna Marin.
Em Dublin, na quinta-feira, a agenda do encontro deve também incluir o acordo recente entre a União Europeia e o Reino Unido em relação à Irlanda do Norte, depois de concretizado o 'brexit' (saída britânica da UE).
Sánchez chegará a Copenhaga ainda na quinta-feira e a visita a Helsínquia será na sexta-feira, devendo neste caso ser abordado o processo de adesão da Finlândia à NATO (a organização de defesa entre países europeus e da América do Norte), que está pendente da ratificação por parte da Turquia.
Espanha sucede à Suécia na presidência semestral do Conselho da UE.
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