Tanques russos destruídos exibidos no Báltico mostram divisões

Tanques russos destruídos e apreendidos pelas forças ucranianas no ano passado foram exibidos nos últimos dias nas capitais dos três estados bálticos, com estonianos, letões e lituanos a poderem tirar fotos e demonstrar solidariedade para com a Ucrânia.

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Lusa
01/03/2023 22:39 ‧ 01/03/2023 por Lusa

Mundo

Ucrânia

Mas entre os que visitaram os tanques estiveram também membros das minorias étnicas russas destes países, com alguns a colocarem flores e acenderem velas para lembrar os soldados russos mortos e expressar apoio a Moscovo na sua guerra contra a Ucrânia, noticiou a agência Associated Press (AP).

Os gestos de apoio a Moscovo por parte de russos resultaram em algumas trocas de argumentos e em pelo menos um briga na capital lituana, Vílnius, realçando as tensões elevadas nestas nações entre as maiorias bálticas e as consideráveis minorias russas nestes países.

Na quarta-feira, apoiantes e oponentes da guerra discutiram em frente a um tanque russo T-72 incendiado atingido por forças ucranianas perto de Kiev em 31 de março. Este foi exibido na praça da Liberdade, no centro da capital da Estónia, um espaço adornado com bandeiras ucranianas e estonianas e onde o hino ucraniano podia ser ouvido na vizinha Igreja de São João.

O Ministério da Defesa da Estónia referiu no sábado que este tanque era "um símbolo da invasão brutal da Rússia" que demonstra também "que o agressor pode ser derrotado".

Na semana passada, o ministro da Defesa ucraniano, Oleksii Reznikov, anunciou que os tanques seriam exibidos nas três capitais bálticas e em Berlim como exposições de museus, após exibições semelhantes na Polónia e na República Checa no ano passado.

"É uma lembrança poderosa para todos nós de como vivemos bem e pacificamente enquanto as pessoas morrem na Ucrânia", frisou Darius Klimka, morador de Vílnius.

Na Estónia, Anatoly Yarkov, um veterano do Exército soviético de 78 anos que apareceu para ver o tanque em Talin, disse que se sente ressentido com a Ucrânia a lutar contra a Rússia numa guerra que, segundo o estoniano, teve origem no colapso de 1991 da URSS.

"Os tanques russos estão novamente a arder, como aconteceu durante a guerra com os nazis", sublinhou Yarkov.

O regime do Kremlin, liderado pelo Presidente russo Vladimir Putin, têm promovido a narrativa infundada de que os militares de Moscovo estão a lutar contra os neonazis, embora a Ucrânia tenha um Presidente judeu que perdeu familiares no Holocausto e que chefia um Governo democraticamente eleito apoiado pelo Ocidente.

Enquanto alguns russos colocavam flores no tanque em Vilnius, as autoridades da cidade lituana colocaram um contentor de lixo nas proximidades, com uma placa que dizia: "para flores, velas e nostalgia soviética".

Uma pessoa colocou uma sanita perto do tanque, como lembrança das atividades das forças russas.

Já a polícia lituana iniciou várias investigações relacionadas a incidentes, incluindo um em que um homem foi espancado por remover flores.

Nem todos os russos estão do lado de Moscovo e Marina, uma cidadã russa de 60 anos que não disse o seu apelido por motivos de segurança, realçou que condena a invasão russa da Ucrânia e elogiou a reação das forças de Kiev.

Em Berlim, o tanque também se tornou um local de homenagem, com simpatizantes pró-Rússia a colocaram rosas vermelhas num tanque destruído que foi exibido em frente à Embaixada Russa.

As flores foram eventualmente removidas e a Embaixada da Rússia negou ter organizado a colocação das flores, mas sublinhou que este foi um "gesto sincero dos cidadãos alemães e de compatriotas na Alemanha".

Para Nerijus Maliukevicius, analista do Instituto de Relações Internacionais e Ciência Política em Vilnius, a colocação de tributos pró-Rússia nos tanques faz parte de uma tática organizada pelo Kremlin, apontando que imagens destes gestos foram divulgadas nas redes sociais e televisão estatal.

"É assim que se cria uma realidade alternativa de uma Europa que apoia Putin", salientou em declarações à AP.

Leia Também: AO MINUTO: Alertas soam pela Ucrânia; Bakhmut? Conselheiro sugere saída

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